CAPÍTULO 3

A BOMBA DA DONA LAURA

Eu ainda estava tentando entender como, em questão de minutos, eu tinha sido contratada como babá de três anjinhos loiros de olhos verdes, quando percebi que havia um porém.

Tinha alguma coisa errada, só podia ser

pegadinha.

E quando eu, finalmente, consegui me livrar do abraço dos trigêmeos, virei para a governanta:

— Dona Laura… por que a senhora me contratou desse jeito? — perguntei, ainda atônita. — A senhora parece desesperada, esses três anjinhos não fazem mal a ninguém! Olha essa carinha, eles são uns amores!

A governanta respirou fundo.

Bem fundo.

E me lançou um olhar que fez minha espinha gelar.

— É aí que você se engana, querida.

Eu pisquei.

— Como assim…?

— Ela apontou discretamente para os três, que agora brincavam entre si, rindo como se fossem a representação viva da inocência.

— Essa é a Meredith, — ela começou. — A que está rindo mais alto, a que fala primeiro, olha com essa cara de anjo com segundas intenções.

Meredith deu uma gargalhada tão gostosa que meu coração derreteu.

A governanta continuou:

— Mas não se engane pela fofura, ela é a que nasceu por último, mas é ela quem comanda o trio. — Quem nasceu primeiro foi o Michael. Depois, o Mark, a Meredith veio por último…

Ela inclinou a cabeça. — Mas quem manda aqui… é a Meredith.

Eu arregalei os olhos.

— Manda…?

— Ela tem as ideias mirabolantes. — Laura explicou. — E os meninos só seguem, tudo que ela fala, eles fazem, o Sr. Callahan está para enlouquecer, desde que a esposa dele partiu…

Ela falou “partiu” como quem pisava em ovos.

E eu entendi.

A mãe deles não tinha ido embora, tinha morrido.

— Há um ano, — Laura completou. — Desde então, as crianças… se recusam a aceitar qualquer babá. E se tornaram… bem… — Ela fez um gesto com as mãos, como quem descreve um desastre natural.

— Katrina, Tsunami e a Kilawara.

Eu franzi a testa.

— Qual deles é o Kilawara?

— A Meredith, — ela respondeu sem hesitar.

Eu virei lentamente para a menina.

Meredith encarou de volta com seus olhinhos verdes brilhando… e me deu um sorriso que parecia puro algodão doce.

Mas agora… eu sabia.

Não era.

Laura continuou:

— Se alguém fala alguma coisa da mãe deles… ou tenta impor disciplina que não seja do jeito que a mãe fazia… Ela suspirou. — As babás não duram um mês.

Meu estômago afundou.

Laura apontou o corredor onde a babá anterior tinha fugido:

— Essa que acabou de sair era uma Nanny. Formada, e experiente, contratada com um salário altíssimo para educá-los.

— E durou apenas duas semanas.

Antes que eu pudesse reagir, Meredith apareceu ao meu lado, segurando minha mão com força.

— Ela não educava a gente, — Meredith disse com a boca emburrada. — Ela só botava a gente de castiguinho, e ficava falando mal da mamãe.

Mark confirmou com um aceno sério,

Michael cruzou os bracinhos, indignado.

— A mamãe não castigava a gente. — Meredith explicou, olhando para mim como se eu fosse alguém importante. — A mamãe conversava, dizia o que era errado… o que não era, a gente entendia, ela explicava tudo.

— A tia Bia só gritava, e falava que a mamãe foi embora porque não gostava da gente.

Meu coração apertou tanto que doeu.

Laura completou:

— Entendeu agora por que eu estava desesperada?

— Eles estão sendo doces com você agora…

Ela suspirou, cansada.

— Mas se prepare, você vai enfrentar uma batalha.

Eu engoli seco.

— Dona Laura… eu não moro aqui, tenho que voltar para casa, minha mãe precisa de ajuda…

— Você vai ter que morar aqui,— ela disse sem rodeios. — De segunda a sábado, suas folgas serão aos domingos, quando o Sr. Callahan está em casa e pode assumir as crianças.

Eu senti outro impacto no estômago.

— Eu… não sei, tenho que falar com a minha mãe…

— Fale,— Laura respondeu firme o dia inteiro e no final do dia, você me diz se aceita definitivamente. Mas lembre-se: — com o salário que eu te ofereci… a Maria não vai precisar trabalhar mais.

Ela sorriu com carinho.

— Ela vai poder cuidar dela mesma, e cuidar dos seus irmãos e você sabe o quanto isso seria bom para ela.

E eu sabia.

Laura colocou a mão no quadril:

— Agora eu preciso trabalhar, como você viu, essa casa não é pequena, é enorme. E quando o Sr. Callahan chegar… ele quer tudo em ordem,

ela me olhou sério.

— E ele não quer desculpas, muito menos ouvir sobre travessuras. — As crianças, para ele, continuam sendo anjinhos, assim como você achou.

E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela saiu apressada, deixando-me ali…

No meio da sala imensa…

Com três crianças me olhando como se eu fosse a nova peça favorita do brinquedo delas.

E eu pensei:

“Eu estou metida até o pescoço.” Mas esse dinheiro vai salvar minha família.

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