Mundo de ficçãoIniciar sessãoA PROPOSTA IMPOSSÍVEL
Eu ainda estava sentada no chão, com trigêmeos grudados em mim como se eu fosse um travesseiro humano, quando ouvi a governanta soltar um suspiro profundo, como se tivesse perdido dez anos de vida em dois minutos. — Meu Deus do céu… — ela murmurou, observando a cena como se estivesse vendo um milagre impossível. — Eles nunca… NUNCA… fizeram isso com ninguém. — Eu piscava, tentando me equilibrar enquanto Meredith subia no meu colo, já decidida a me reivindicar como sua propriedade. — Dona Laura… — eu tentei falar, meio sem ar. — Eles só estão carentes… são bebês ainda… — Eles têm três anos e meio, — ela corrigiu, com um olhar que misturava preocupação e respeito. — E são mais perigosos que uma bomba-relógio. Mas você…Ela se aproximou, segurando meu braço com intensidade. — Você… conseguiu que eles gostassem de você. Em TRINTA segundos, Brenda, você tem noção do que isso significa? — Eu balancei a cabeça, confusa, enquanto Michael tentava amarrar meu cabelo com os próprios dedinhos. — Não, senhora… eu só fiz o que minha mãe sempre me ensinou. — Criança precisa de carinho, não de grito. — EXATAMENTE! — ela quase gritou. Os trigêmeos levaram um susto e me abraçaram mais forte. — Eu passei a mão nos cabelinhos deles e eles imediatamente relaxaram. — Era impressionante.Laura tocou a testa como se estivesse prestes a desmaiar. — Brenda…— Sim, senhora? — Você está contratada. Eu ri, meio sem graça. — Sim, eu sei… para ajudar na faxina, né? A senhora me mostra onde ficam os produtos e eu começo a limpar ainda hoje, não tem problemas. — Não, a voz dela foi firme, poderosa, travei. — Como assim… “não”? dona Laura respirou fundo, juntou as mãos e disse a frase que mudaria meu destino: — Você está contratada como BABÁ dos trigêmeos. — Eu me engasguei com surpresa. — BABÁ?! Eu?! — Não, senhora! Não posso! Eu vim substituir minha mãe! Eu nunca cuidei de criança assim… eu só tenho vinte anos! Nem sei trocar fralda direito! A menina levantou a cabeça e me encarou com um olhar indignado. — A gente não usa fralda! — ela retrucou, ofendida. Mas o garotinho assentiu como um filósofo, enquanto, o outro garoto apenas declarou: — Só no sono, às vezes, mas ninguém precisa saber. — Eu arregalei os olhos. — SENHORA LAURA… — eu tentei insistir. — Eu vim para fazer faxina… — Dona Laura fala desesperada, não preciso de uma faxina hoje. — ela cortou. — Eu preciso de alguém que impeça esse trio de incendiar a casa inteira até o Sr. Callahan chegar. — E você é a única pessoa que eles não tentaram agredir, amarrar, pintar, mergulhar na piscina ou amedrontar. — Eu olhei para os três, que estavam empilhados no meu colo, cada um segurando uma parte de mim. A menina segurava minha mão, um dos garotos segurava minha blusa, e o outro fazendo carinho no meu braço. Os três me encarando como se eu fosse… algo deles importante para eles. Eu respirei fundo. — Entre a tentação do dinheiro e a responsabilidade que agora recaía sobre mim, o mundo parecia girar à minha volta. A menina segurou meu rosto com as duas mãozinhas. — Fica com a gente, por favor. — A gente gosta de você, o garotinho sussurrou, com um sorriso esperançoso no rosto. — A gente vai ser booooom. — O outro prometeu, piscando um olho ao mesmo tempo em que se balançava animadamente no meu colo, e eu já não sabia se ria ou chorava. —Eu olhei para a governanta, para as crianças, e então para o relógio na parede, que parecia se mover mais lentamente a cada segundo que passava. — Para cada instante de hesitação, havia uma nova possibilidade se desenhando na minha mente, sonhos que podiam ser convertidos em realidade. — Para meu futuro, que tinha acabado de mudar em cinco minutos. E então, com um misto de ansiedade e empolgação pesando no meu peito, sem ar, sem chão, sem saber onde estava me metendo… eu disse: — Tá bom, aceito e os trigêmeos explodiram em um grito: — ÊÊÊÊÊÊBBBBÁÁÁÁÁÁ! E pularam em cima de mim de novo, suas risadas altas ecoando na sala como um coro de anjos travessos. — O som era contagiante, encheu a estância de energia e alegria, e eu não pude evitar sorrir, sentindo meu coração aquecer. — Laura suspirou, aliviada, como se uma enorme pressão tivesse sido retirada de seus ombros. —E eu só consegui pensar, enquanto uma onda de emoções me invadia: “Meu Deus… no que é que eu fui me meter?”






