Autômato (Projeto Colmeia 1)
Autômato (Projeto Colmeia 1)
Por: Marco Barbieri
Prólogo

Ele empurrou uma porta cinza e me guiou para o interior do prédio. Entramos por um corredor que nos levou até um elevador circular. O ambiente era opressivo, ou talvez fosse o frio na minha barriga que tornasse tudo tão intimidante. Após um saguão e uma porta, fui deixado sozinho numa sala escura. Havia apenas uma plataforma no centro, onde me posicionei, seguindo as instruções.

Durante uns segundos, o local permaneceu em absoluta escuridão. Em seguida, tudo começou a se iluminar em tons de azul. Uma música tocava, e era, mais uma vez, muito diferente de tudo que eu já havia escutado.

Eu estava atônito.

Imagens começaram a percorrer a sala, saltando por toda parte; cruzavam o ar como projéteis; a princípio, supus que fossem reproduzidas por telas, mas a própria luz parecia sólida. Palavras, símbolos e sinais. Tudo era novidade para mim: até então eu não havia descoberto que imagens podiam se assemelhar a algo tangível. Tratava-se de projeção luminescente; ao mesmo tempo em que letras dançavam ao redor, elas se quebravam como fumaça através da matéria.

E então, surgindo subitamente às minhas costas, um rapaz se aproximou de mim. Seu sorriso era largo, estampado feito pintura num painel, inalterável. Ele não me deu qualquer atenção, mas parecia ciente de que eu estava ali. Pigarreou uma vez, antes de fixar o olhar naquela confusão de luz e de nada, apontando as mãos abertas na minha direção, como um mestre de cerimônias apresenta o espetáculo — ou, mais precisamente, como um vendedor exibe sua mercadoria.

— Olá, meus queridos parceiros — falou o rapaz, embora eu fosse a única pessoa presente. — Sejam bem-vindos à nossa transação!

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