— Eu consigo sentir, Nicholas, eu vi o seu olhar para ele, não diga que estou enganada. — Supliquei por sua sinceridade. — Não diga que estou louca.
Ele meneou a cabeça, numa confusão externa que respondia muita coisa, depois sorriu de canto e ocultou seu olhar com os óculos escuros antes preso na camiseta.
— Não está louca, Aurorinha.
Tapei a boca buscando entender os significados, as nuances descritas com a caligrafia indecifrável do universo. Nunca entenderia, afinal, quem somos nós diante do grande mistério da vida?
As lágrimas desciam inconscientes, plácidas, senti uma vontade de abraçá-lo, deixar ali minha gratidão por passar por cima de suas feridas ainda não cicatrizadas.
— Obrigada — agradeci num fio de voz.
— Um segredo nosso, por seu bebê.
— Um segredo. —