Só há uma forma de permanecer nesse lugar sem me afogar nas poças de sangue que o condena — dançando. Não vejo o tempo passar ou ouço qualquer ruído que anuncie a presença de alguém, no tempo em que subo no palco e tomo posse do cano de polidance, um desejo desmedido controla meus músculos, meus movimentos, quero girar, girar, girar, entontecendo meus sentidos. Desequilibrando as sensações ruins que me arrastam para o luto, para a dor, para a imagem sangrenta do meu irmão. A dança, a dor física, e… o Nicholas fazem com que essa passagem de tempo similar a uma aceleração súbita do coração seja suportável. Por isso, sinto o ritmo palpitar meus poros e embalar minhas articulações. Música após música… minuto após minuto.
— Tem noção do que fez? — A