Narrado por Daniel
Silêncio. É um som que poucos sabem escutar com atenção. A maioria das pessoas teme o silêncio, como se ele denunciasse algo errado. Mas para mim, o silêncio é uma sinfonia. É nele que os segredos se revelam, que os planos são gestados, que o jogo começa.
Ali, escondido entre as madeiras escuras do antigo sótão da casa de campo, com uma visão parcial da sala principal, eu me tornava parte da estrutura. Invisível. Indetectável. Como uma sombra que observa o mundo sem ser notada. Estava ali há horas, ouvindo, estudando, esperando o momento certo. E ele veio embalado por uma tempestade de confusão: Mariana.
Eu sorri no escuro quando ouvi sua voz estridente atravessando o portão, gritando pelo nome de Lucca como se estivesse prestes a dar à luz em plena calçada. A mulher sabia como fazer uma entrada. Não decepcionou.
Ela não sabia, mas era minha peça mais valiosa naquele tabuleiro. Bastou uma mensagem anônima com o endereço e uma frase mal escolhida — "ele precisa saber