Narrado por Daniel
A casa dormia em sua rotina falsa de calmaria.
Sorrisos demais. Conversas demais.
Gente demais tentando parecer honesta.
Mas por trás de cada porta fechada…
há sempre um segredo esperando pra ser descoberto.
Eu não era bem-vindo ali.
Pelo menos não de verdade.
Mas sabia que ninguém teria coragem de me confrontar abertamente.
Afinal, Clara ainda me mantinha por perto.
E enquanto isso durar… eu tenho espaço para agir.
Esperei todos se distraírem na cozinha.
Sabia que Camila havia subido mais cedo, sorrindo, provavelmente satisfeita por alguma nova noite com aquele arquiteto atormentado.
Entrei no quarto dela devagar.
Como quem já sabia o que procurava.
O notebook estava sobre a escrivaninha, aberto, com a tela apagada.
Toquei uma tecla.
A luz acendeu.
E lá estava o texto.
Palavras demais para um bloqueio criativo.
Ela tinha escrito com paixão.
Com verdade.
Com aquela emoção que me fez, um dia, me interessar por ela.
Camila sempre teve o dom.
Mas nunca soube usá-lo com