Narrado por Camila
Eu sempre fui boa em ler emoções — afinal, escrever romances exige isso.
Mas naquela manhã, sentada à mesa com Clara, Lucca, Daniel e o restante do grupo, percebi que havia perdido o fio. Não conseguia mais distinguir o que era tensão, o que era ciúme, o que era medo.
Daniel chegou como uma sombra mal disfarçada, com o cheiro de cigarro impregnado no corpo. Clara disfarçou bem, mas seus olhos… ah, os olhos dela gritaram no segundo em que ele a tocou.
E Lucca, do outro lado da mesa, parecia observar tudo como quem assiste uma cena que já conhece o desfecho.
— Vai querer mais café? — perguntei a Gabriel, que se sentava ao meu lado, quieto demais.
— Não, obrigado — ele respondeu, sem me olhar.
Algo nele tinha mudado. Desde a noite em que quase nos perdemos um no outro, ele vinha se fechando em camadas. Um passo pra frente, dois pra trás. Como se estivesse sempre com medo de algo que eu ainda não sabia o que era.
— Lucca, você vai ficar muito tempo? — perguntei, tentand