(Narrado por Daniel)
Eles acham que eu não vejo.
Acham que podem sussurrar pelas esquinas dessa casa, se encarar com olhares molhados e esconder as marcas de um desejo mal disfarçado. Mas eu vejo tudo. Sempre vi.
Camila nunca foi só uma amiga da Clara. Desde o primeiro dia, desde o primeiro “oi” sem esforço, desde aquele jeito de olhar como se me atravessasse… ela foi um desafio. E eu nunca recuei diante de um desafio.
Só que agora, tudo mudou.
Ela me evita. Me despreza.
E Gabriel... Gabriel está ocupando um lugar que não é dele.
O pedreiro de fachada, com cara de bom moço e olhar misterioso. Um idiota com traumas mal resolvidos achando que pode competir comigo.
Mas ele não conhece as regras.
Nesse jogo, quem joga sou eu.
E quando perco... eu destruo o tabuleiro.
Hoje, ouvi a conversa entre Clara e Camila. Elas acham que cochicham, mas a parede entre o jardim e o galpão é fina demais.
“Proteger isso.”
“Elas jogam juntas agora.”
Sorriso falso.
Pena que eu já estou cinco passos à frente