Capítulo 29 – O Refúgio Que Permanece

Narrado por Lucca

Quando saí do quarto e a vi pela porta entreaberta da varanda, sozinha, com uma taça de vinho na mão e o olhar perdido, meu peito apertou.

Clara sempre teve um brilho natural. Até nos silêncios, ela parecia iluminar tudo à volta. Mas ali, sentada, com o rosto abatido pela luz baixa, ela parecia pequena demais para tanto peso.

Não pensei muito.

Peguei uma blusa leve e caminhei até ela. Meus pés descalços mal fizeram som no piso frio.

— Clara?

Ela virou lentamente.

Me ofereceu um sorriso fraco, quase triste, e assentiu como se dissesse que estava tudo bem.

Mas eu via que não estava.

— Oi… — respondeu, baixinho.

— Posso ficar? — perguntei, parando a poucos passos.

— Pode. Só não precisa falar nada. O silêncio me faz bem agora.

Sentei ao lado dela, respeitando o espaço, mas próximo o suficiente para mostrar que estava ali — por inteiro.

O vento noturno soprava devagar.

O silêncio entre nós durou longos minutos, e foi ela quem quebrou, com uma voz rouca de exaustão emocio
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