Por um instante, nenhum dos dois disse nada. O ar parecia pesado demais, cheio de palavras que precisavam ser ditas e temores que ainda prendiam a garganta.
— Queria falar com você… — começou Natália, num tom baixo. — Sobre a noite passada.
Fernando não demonstrou nenhuma reação. O olhar dele não era de raiva, era mais de cansaço.
— Sim, eu também acho que precisamos esclarecer.
Ela se aproximou alguns passos.
— Acho que você me entendeu mal… — disse, hesitando. — Eu… não tive medo de você.
Um músculo no maxilar dele se contraiu.
— Teve, sim. — respondeu calmo, mas com voz firme. — E eu vi.
— Fernando… eu… — tentou argumentar.
Ele ergueu a mão, pedindo silêncio.
— Eu não quero que você me veja como um carrasco. — disse, o tom grave e sincero. — Ontem à noite, quando entrei no quarto, vi nos seus olhos algo que me fez parar. Você estava aterrorizada. Eu jamais forçaria qualquer mulher e não começaria nossa vida de casados com você pensando que sou um monstro.
Ela baixou o olhar, o cora