Capítulo 5

Nora Bellini

Nem em todos os sonhos mais malucos que tive desde a adolescência, estavam me levando até esse momento. Parecia uma loucura, mas eu estou casada com Erol Demir. Desde a adolescência eu tentava negar para mim mesma que ele mexia demais comigo, colocava a culpa no fato de que ele era um garoto muito bonito e chamativo. Ele atraía a atenção de todas as meninas do colégio, menos Michaela, claro que ela o achava um gato, mas não a ponto de suspirar e cair de amores.

Diferente de mim que lutava o máximo para não deixar transparecer meu terrível tombo por Erol.

Dio, desde que pisei na porta da igreja e o vi parado esperando por mim, quis saber o porquê, afinal, ele nunca trocou o máximo que uma dúzia de palavras comigo. Por que ele aceitou se casar comigo no lugar de Alev? Sempre imaginei que Erol não gostasse de mim.

Eu estou tão confusa. Até o momento eu havia permanecido na minha e deixei o barco nadar, mas agora eu quero saber tudo explicadinho. Tento controlar minhas mãos trêmulas para que o meu marido não percebesse o quanto ele me afeta.

Eu o examino e dou uma breve mordida nos lábios. Erol está de costas para mim ligando o ar condicionado do escritório.

Ignorar o quanto esse homem é lindo é uma tarefa quase impossível. Os cabelos castanhos amarrados, a barba um pouco comprida, o corpo que era uma tentação escondido naquela roupa social, é bem mais forte do que aparenta nas fotos. Os olhos escuros e expressivos pareciam enxergar minha alma e me deixa mega intimidada, sem falar naquela voz rouca que me faz meu corpo inteiro estremecer.

O estilo de Erol é do tipo uma estrela de rock e super descolado. Sempre foi assim, o que é bastante excitante, sinto um formigamento na barriga e arrepios sobem por todo o meu corpo.

O meu marido é um puta de um gostoso!

Estou tremendo inteira por reparar que agora estamos sozinhos — nunca havíamos ficado antes tão perto assim antes —, o cheiro do seu perfume estava invadindo todo o local, é um aroma delicioso daqueles que dá vontade de chegar perto da pessoa e aspirar profundamente no pescoço.

Cheiroso é tudo para mim.

Meus pensamentos estão indo longe e trabalhando sacanamente, não tem como não imaginar toda essa força, pressão e gostosura em cima de mim na cama.

— Você deve estar muito confusa, não é mesmo? — Ele se vira para mim e vem para perto. Um sorriso afetuoso e compreensivo aparece em seus lábios. Se senta no sofá de dois lugares próximo a janela. — Fique calma, sente-se comigo. — Pede.

Me aproximo um pouco e me sento no sofá ao seu lado.

— Estou sim. Bastante confusa. O que houve com Alev? — franzo minhas sobrancelhas e observo bem as feições dele se tornarem mais rígidas quando lembro do seu irmão. No fundo eu já sei o que houve. — Ele fugiu! — digo sem rodeios.

Ouço o suspiro forte de Erol e aprecio a careta que ele faz com a boca.

— Sim. — Confirma.

— Eu não acredito! Ele ia me deixar no altar esperando sozinha?! — Exclamo completamente furiosa.

Cubro minhas mãos com a testa totalmente envergonhada, que humilhação! Um irmão precisou casar comigo porque o outro fugiu. Isso é tão errado.

— Cazzo! Farabutto! — Começo a disparar vários palavrões em italiano.

Sinto as mãos grandes e quentes nas minhas costas me confortando, olho para o lado e vejo a expressão surpresa e divertida no rosto do meu marido.

Ele balança a cabeça e lambe os lábios devagar.

— Ei, calma, ele iria sim deixá-la no altar, mas quero que saiba que desaprovo completamente o que meu irmão fez. — Pausa — Estou aqui com você, Nora.

— Agradeço muito por isso, Erol, se não fosse você... meu Deus! Que vergonha, isso iria ser comentado por anos. — Cubro meu rosto de novo, sinto minhas bochechas esquentando, e penso no homem sentado ao meu lado agora, com certeza ele não deveria estar envolvido nessa bagunça, foi obrigado a fazer isso. — Erol, aquilo não era com você, não precisava casar comigo forçado. — Digo por fim tirando as mãos do meu rosto.

Evito olhar, não sei como encará-lo.

— Ouça querida, claro que meus pais não ficaram nada felizes com o que aconteceu, baba me pediu para casasse no lugar dele. — Pausa e limpa a garganta, suas mãos saem das minhas costas e vão para meu rosto, suavemente ele o vira para mim. — Não precisa ter vergonha de mim…

— Como não? — O interrompo olhando em seus olhos — Você casou forçado, você tem namorada? Alguém? Meu Deus, olha o que eu fiz!

Estou quase surtando e muito mais nervosa do que antes, a vida dele... A loucura dos nossos pais eram tantas que eles nem pensaram como iria ficar, eu e Erol não sabemos nada um sobre o outro, era pior do que com Alev, a diferença é que ele me desperta sensações. Mas em questão de conhecer, o outro irmão ganha.

Me sinto péssima.

— Nora, eu não me casei forçado — Ele começa ainda segurando em meu rosto, seu polegar faz um carinho na minha bochecha, nossos olhos não se desgrudam e tento não tremer sobre suas mãos, mas é impossível.

— Me casei com você porque eu quis! Seria incapaz de deixá-la sozinha no altar.

— Então foi por pena, era tudo que eu não precisava. — Completo tristonha.

Sua risadinha rouca me pega de surpresa, os pelinhos do meu corpo se arrepiam.

— Não, eu nunca faço nada por pena e é a última coisa que eu sentiria, eu poderia ter conversado com você e acabado com tudo, tive chances, mas foi porque eu quis Nora, por livre e espontânea vontade. Entendo o que está sentindo agora, eu a respeito muito, mesmo não a conhecendo direito.

Saber que ele casou comigo porque quis é um pouco de alívio. Mas o sacrifício que isso requer é muito, meu coração acelera um pouco e sorri levemente. Quem em pleno século 21 faria isso por uma mulher que mal conhece? Essa atitude de Erol é linda sim, mas ainda me sinto culpada.

Ele tira as mãos do meu rosto e passa nos seus com uma certa força e coça a barba.

— Erol, você não respondeu minha pergunta, e namorada? Alguém?

— Sou solteiro, querida, só casos. Relaxe. — Ele pisca e então fica sério. — Vou ser sincero, Nora, eu esperava alguma reação do meu irmão, conheço bem minha família e sei o quanto eles podem ser cabeça dura. Mas eu pelo menos imaginei que ele fosse informar alguma coisa, o que obviamente não aconteceu.

— Não, eu pensei várias vezes em desistir, minha vontade era de sair correndo a todo momento. — Mordo os lábios. — Não queria me casar tanto quanto Alev, eu só fiz porque sou incapaz de magoar meus pais e pensei em vocês também. Tivemos o tempo todo do mundo para bater o pé e dizer não, e não iria ser no altar que isso iria acontecer. — Viro os olhos. — Pelo jeito fui a única a pensar dessa maneira.

— Eu sei o quanto deve ter sido difícil, Nora — Erol pega nas minhas mãos e as seguras. — Te agradeço muito por isso, mas eu achei que você queria casar, pelo que ouvi você estava animada.

Eu ri da informação e balancei a cabeça negando.

— Nem um pouco, quem lhe falou isso?

Meu marido dá um sorriso de canto.

Não sei porque tenho quase certeza de que tem o dedo de nossas mães nisso.

— Deixe para lá, agora isso não nos interessa, vamos esquecer Alev também. E não se esqueça, é com o irmão gostoso que você está casada. — Ele dá um sorriso sexy e provocativo.

Como posso me esquecer? Olhar para você já é o suficiente para constatar que é uma delícia de homem.

— Está bem. — Respiro tranquilamente. — E como vamos ficar? Nos últimos dois anos, conhecia bastante o seu irmão. Agora você... — Passei as mãos no meu cabelo sentindo nervosismo.

Tenho toda a sua atenção.

— Hm... — Ele resmunga pensativo e o sorriso ladino não sai de seus lábios tentadores. — Estava esperando por essa pergunta. — Então ele fica sério. — Eleonor, vou ser muito sincero, não suporto mentiras, casamento nunca foi minha prioridade. Eu nunca achei que fosse casar, então para mim é uma novidade e tanto e, pelo jeito, você também não. Estou certo?

— Certíssimo. — Respondo com um sorriso. — Na verdade eu tinha meus planos de casar sim, mas pelo menos eu gostava de pensar que seria com o homem que eu amasse. — Sorrio triste. — Desculpe se isso soou piegas e careta.

— Não vejo problema nenhum em ser careta e querer formar uma família, é admirável. Eu só achava que não me encaixava nesse perfil. — Coça barba levemente. — Mas enfim, estamos aqui nessa e tenho uma proposta para você, claro você é livre para escolher e vou entender perfeitamente.

— Que proposta? — Questiono surpresa, imaginando o que seria.

Lá vem bomba. Ele vai querer se separar de mim? Será? Não deve ser isso, se não ele nem teria casado. Pelo menos eu acho que não, não por agora, talvez daqui a algumas semanas.

Minhas mãos começam a tremer de nervoso e meu estômago dói de novo.

Gastrite desgraçada!

— Nós já estamos casados no momento, o que podemos fazer é pelo menos permanecer assim durante um tempo. Acho que seria o suficiente para acalmar nossas famílias. Um ano para ser mais exato, o que acha?

Minha boca se abre e não consigo esconder minha surpresa, tudo bem que se eu tivesse casado com Alev iríamos nos separar depois, mas não iria chegar a um ano. Isso é muita coisa.

— Nora? — Me chama.

Pisco algumas vezes.

— Podemos tentar esse método sim, confesso que não esperava esse tempo, quer dizer um ano é bastante coisa. — Digo rapidamente em puro nervosismo.

— Se você quiser podemos nos separar antes disso, mas, hum... Acho que seria um tempo ideal e o suficiente para nos conhecermos melhor.

Concordo com o que ele diz, mas havia um problema nisso, Erol mora em outra cidade.

— Por mim tudo bem, Erol. — Sorrio. — Mas você mora em outra cidade, como vamos fazer? Quer dizer que está nos seus planos conviver comigo o tempo inteiro?

Ouço outra risadinha.

— Sim, querida, eu pretendo conviver com você 365 dias do ano. — Ele faz uma careta. — Eu tenho meu bar em outra cidade. Sou barman não sei se você sabe. Mas eu vou dar um jeito nisso.

Solto um suspiro e balanço a cabeça. Não é justo! Ele tinha uma vida e por causa dessa confusão toda Erol está se sacrificando muito. É a minha hora de retribuir o seu gesto.

Eu tenho meu restaurante aqui na cidade, meus clientes, vivia lotado, os turistas adoram, seria uma dor deixar, mas terei que fazer isso. Observo o homem distraído olhando para a janela.

— Eu vou morar com você lá. — Falo, seu rosto vira para mim na mesma hora. — Você já fez muito por mim, agora é a minha vez.

Erol ri de novo e sua língua lambe seu lábio inferior, acompanho o ritmo, me sinto tentada a lamber meus próprios lábios. Olho para seus lábios de novo.

Como deve ser o seu gosto? O seu beijo?

— Nora, acha mesmo que vou deixa-la largar seu restaurante? — A sua voz me desperta. — De jeito nenhum, eu sei que o quanto é difícil montar um negócio seu e estou ciente de que seu restaurante é um sucesso. — Eu tento protestar mas sinto um dedo em meus lábios, para que não falasse nada e ele continua: — Escute, Norinha, não tem problema, eu posso trabalhar de barman por aqui, eu tenho meu sócio no meu bar, posso dar umas idas até lá. Vou me resolver. Fique tranquila que daqui você não sai.

Sorrio admirada e solto um suspiro de alívio.

— Obrigada, mas tem certeza?

— Claro. Para tudo tem um jeito.

— Eu não tenho palavras para lhe agradecer.

Erol coloca as mãos na gravata e afrouxa ainda mais.

— Não precisa, você iria morar onde com Alev? — pergunta.

— Iria ser no meu apartamento, porém tem uma casa feita para nós. Até ela ficar pronta acho que podemos morar lá, se você não se importar.

— Não me importo. — Sorrio ele. — Agora vamos conversar sobre outro assunto: sexo.

Agora eu sinto que vou desmaiar a qualquer momento. Sexo? Ele queria conversar sobre sexo? Tudo bem que eu estava ansiosa para perguntar isso para ele e sobre o que iríamos fazer em relação a isso.

Dio Mio!

Só de pensar em sexo com Erol meu corpo esquenta e me sinto nervosa. Madonna! É tanta diferença dele para Alev.

Olho para ele, e percebo que está esperando que eu diga algo. Sua expressão está um pouco risonha, como se estivesse achando graça da minha falta de jeito ou vergonha.

— Sim, temos que conversar. O que faremos em relação a isso? — a minha voz saiu um pouco trêmula.

Será que ele percebeu meu nervosismo?

— Nora... — Sua voz sai completamente rouca e os seus olhos estão brilhantes. — Eu amo sexo, acho que é uma coisa bem natural do ser humano, nós somos adultos e sabemos muito bem o que queremos. Fazer sexo com você não vai ser dificuldade nenhuma para mim. — ele olha para minha boca. — Não vou mentir eu quero e muito. — Enfatiza a última parte com um sorriso. Minha respiração se altera e ele completa: — Mas acho que teremos que nos conhecer um pouco mais, não vou te forçar a nada, não sou esse tipo de homem e se não quiser vou entender.

— Eu amo sexo também — digo um pouco ofegante —, é claro, eu concordo com você, teremos que nos conhecer e ficar mais à vontade um com o outro.

— Sim, deixa as coisas acontecerem de forma natural, não vamos forçar nada. Tudo vai ser uma novidade para mim, nunca tive que passar mais de um dia com uma mulher que transei.

— Entendo, eu também já fui adepta de sexo casual — minha voz soa despreocupada e rio da expressão surpresa que ele faz. — Que foi? Achou que eu também não gostasse de uma noite só? — provoco.

— É que não me leve a mal, você parece ser bem romântica.

Um sorriso tímido aparece em meu rosto.

— Eu sou sim, mas como disse também gosto de sexo, nós somos adultos temos nossas necessidades, acho que pode rolar sim algo entre nós, afinal, um ano juntos é muita coisa e não acontecer nada é praticamente impossível. — Tento soar o mais realista possível.

Claro que eu não iria falar que isso iria acontecer porque eu sinto atração por ele.

— Sim — seu tom de voz parece aliviado. — Eu não quero te forçar a nada, se você não quiser respeitarei seu espaço e também pode ficar tranquila, não é porque eu nunca tive um relacionamento mais sério que irei traí-la, sou totalmente contra isso.

Eu o observava indagando para mim mesma se este homem é real.

— Você existe mesmo? — As palavras saem da minha boca, antes que eu me detenha.

Sua breve gargalhada me faz sorrir.

— Sim, eu sou real, e sou seu marido. — Afirma fazendo um carinho em minha bochecha e beliscando levemente. — Eu estava louco para ter essa conversa com você, acho que estamos resolvidos sobre esse assunto — ele pisca. — Vamos voltar para a festa, já devem ter notado nossa ausência. — Nos levantamos e voltamos para festa.

NanaBOliver

Boa noite pessoal! Espero que estejam gostando dos capítulos até o momento, um beijo e até amanhã!

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