Capítulo 13

"E os medos que uma vez me controlaram

Não chegam nem perto de mim."

Frozen

Quando já são quase seis da noite o Thomas me deixa em casa depois de um lindo dia com meus amigos.

— Já entra em casa assim? Suspirando... — Eric fala imitando uma voz estranha.

— Foi perfeito — digo escorada na porta. — Cadê a Sara e a Emily? — Pergunto percebendo que ele está assistindo sozinho.

— A Emily tá lá em cima brincando de Barbie, aparece já, e a Sara precisou ir embora — ele fala com carinha triste.

— Fica com saudade não, maninho — dou um abraço nele.

— Sai, tá muito carinhosa pro meu gosto — cruzo os braço.

— Valha que do mal agradecido — fico inconformada.

— Elle, você chegou — Emily desce as escadas.

— Cheguei, meu amor — abraço-a.

— Estou com fome — ela fala.

— Vamos me ajudar a fazer o jantar?

— Eba! — ela adora me ajudar, pelo menos por enquanto, espero que continue assim pra sempre.

Resolvemos fazer salpicão de frango com arroz, batata palha e farofa, pois é uma de nossas comidas favoritas. Logo depois que terminamos de fazer a comida, comemos e ficamos um bom tempo conversando sobre qualquer coisa e assistindo desenho com a Emily, até que ela dormiu e meu irmão a levou para seu quarto.

— Prontinho, ela tá dormindo como um anjinho — ele senta ao meu lado, toma o controle das minhas mãos e desliga a TV. — Agora vai me contar tudo!

— Que curioso, não tenho nada pra contar não, me devolve o controle.

— Sou mesmo!

— Foi muito bom, dançamos, cantamos e brincamos muito como uma ruma de criança — sorriu só de lembrar.

— E com o Thomas? — Sua expressão muda para curiosidade.

— Nós ficamos — digo, pois não sei mentir pra ele.

— É sério? — Ele solta um sorriso. — Ai meu Deus, minha irmã já beija na boca — ele fala e arregalo os olhos quase me engasgando com o que acabei de ouvir, jogo uma almofada em sua cabeça.

— Sou uma piada pra você? — Pergunto quando ele está me olhando confuso depois da almofadada.

— Fico feliz por você, maninha — ele força uma voz fofa e começo a ri.

— Que bom que você gosta dele, mas assim, eu não quero me iludir, acho que ele não quer nada além disso — falo com sinceridade.

— Então você quer algo a mais? — Agora ele realmente fica mais sério.

— Eu não sei, não pensei sobre isso, maninho, sei lá, isso é novo pra mim — deito minha cabeça na perna dele.

— E por que você acha que ele não quer? — Continua. — Ele te trata tão bem, Elena. Ele te chamou pra gravar um clipe pro canal dele, isso é fofo.

— Talvez seja só isso que ele queira, Eric, não quero me iludir! — Falo bem séria dessa vez. — Ele mesmo diz que nunca se apaixona por ninguém.

— E você acredita nisso? — ele pergunta como se fosse engraçado eu acreditar. — Elena, todos que dizem isso são os primeiros que se apaixonam.

— Sei lá, acho que sim.

— Todos nós já se apaixonamos alguma vez, ou se não se apaixonamos iremos nos apaixonar, é natural do ser humano — ele diz carinhoso. — Uma das melhores sensações que alguém pode sentir.

— Pode ser — ele acaricia meus cabelos.

— Não esconde seus sentimentos dele — olho em seus olhos. — Não estou dizendo pra se entregar totalmente, mas se for pra dar certo, deixe acontecer.

Ficamos conversando por bastante tempo e não lembro de termos ido pra nossa cama.

Acordo no outro dia meio dolorida e sinto a perna do meu irmão em cima do meu braço e seu braço puxando meus cabelos. Depois é que percebo que dormimos no sofá. Por um momento me preocupo da minha irmã ter acordado e me procurado de noite, mas ela é esperta e teria nos achado. Com certeza a criança mais inteligente que conheço.

— Eric — chamo ele tentando me afastar sem machucar meu cabelo. — Aiii, tá doendo!

— Ai meu braço, Elena — ele geme. — Por que não fomos pro quarto? — Pergunta meio zonzo.

— Também queria saber.

Levanto, vou até meu quarto, escovo os dentes, tomo um banho pra dar uma animada e já são 09:46h da manhã. Vou lá pra cozinha preparar algo pra comer e vejo que a Emily acordou.

— Bom dia, princesa — digo lhe dando um beijo.

— Bom dia — ela fala comendo uma maçã que o Eric acabou de dar pra ela.

— Estou todo dolorido — ele me olha com cara de mal. — Culpa sua.

— Minha? Você também dormiu, não é só culpa minha.

— Sua sim — ele diz vindo pra cima de mim.

— Para! — Ele sabe que odeio cosquinha e começa a me cutucar. — Eric, não tem graça — ele me joga no sofá, senta nas minhas pernas e eu começo a ri. — Emily, me ajuda! — Ela automaticamente começa a dar socos no meu irmão, mas como é uma criança de seis anos, não fez muita diferença.

— Emily, você tem que me ajudar — Eric fala — não ajuda ela.

— Ajudo ela sim — Emily diz, enquanto eu só me debato.

Tem uma hora que consigo soltar uma das pernas, então empurro ele pra trás e agora eu estou no comando.

— Vai Emily, me ajuda — digo pra minha irmã que com uma mão segura a maçã e a outra faz cosquinha no meu irmão sentada na barriga dele.

— Parem — mesmo sendo duas contra ele, ainda sim é mais forte e segura a Emily e eu.

Paramos a brincadeira por um momento, pois escutamos a campainha tocar. Nem percebo o estado do meu cabelo, nem nada disso, só abro a porta.

— Oi — tenho uma surpresa ao ver que é o Thomas.

— Oi — ele avalia meu cabelo. — Cheguei em hora errada? — Ele ri.

— Não — rio. — É porque tenho irmãos um pouco animados logo cedo, sabe?

— Oi, tio Thom — Emily aparece do nada.

— Emily, você sabe se ele quer que você o chame assim? — Ela me olha com carinha de vergonha e solta uma gargalhada. — Você tem que perguntar primeiro.

— Tudo bem, Emily? — Thomas pergunta pegando ela no colo.

— Tudo — ela passa a mão em seu cabelo. — Posso te chamar de tio Thom? — ela pergunta e damos uma risada.

— Claro que pode — responde deixando minha irmã contente.

— Entra — digo.

— Na verdade só passei pra dar um oi — sorri e coloca a Emily no chão que logo entra pra dentro de casa. — Estou indo dar uma volta e, sei lá, se você quiser ir comigo — ele faz biquinho.

— Temos visita? — Meu irmão aparece. — Bom dia, Thomas.

— Bom dia, Eric — ele responde. — Queria saber se posso levar sua irmã pra dar um passeio.

— Hum... — Eric me olha. — Ela já é bem grandinha pra decidir pra onde quer ir ou não.

— Gente, olha o meu estado? — Digo analisando meu cabelo e minha roupa.

— Não me importo em esperar — Thomas parece bem paciente.

— Vai logo se arrumar, Elena — Eric diz e vou pro meu quarto.

Como já tinha tomado banho, só visto um shortinho confortável, uma blusinha azul ombro a ombro e calço um tênis vermelho e estou prontinha.

Dou uma olhada no espelho e gosto do que vejo. Vou descendo as escadas e a primeira coisa que vejo é o Thomas olhando as bonecas da minha irmã. Provavelmente ela pediu pra ele ver e ele não disse não. Enquanto isso meu irmão olha o celular.

— Estou pronta — digo dando uma voltinha.

— Tá linda — Thomas diz e meu irmão olha ameaçadoramente e rimos.

— Tchau — digo.

Assim que saímos de casa ele me abraça e sinto seu cheiro, que cheiro bom, por sinal.

— Pra onde vamos? — Pergunto entrando no carro.

— Surpresa — ele fala.

Fomos o caminho todo conversando sobre várias coisas e ele sempre muito carinhoso comigo. Quando chegamos em frente a um restaurante bonito, aqueles que tem música ao vivo, ele estaciona na primeira vaga que ver e descemos do carro. Ele entrelaça seus dedos nos meus e me dá um selinho antes de entrar.

Eu gosto desse Thomas, carinhoso e legal comigo, só fico um pouco receosa pelo fato de como começamos. Eu consegui me aproximar dele tão rápido mesmo depois daquilo. Não sei o que está acontecendo comigo, queria tanto conselhos da minha mãe.

Sentamos em uma mesa que tem uma vista para um lago. Nunca tinha ido ali, ele realmente tem muito bom gosto. Por algum motivo ele parece estar procurando algo, ou alguém, mas eu nem ligo, talvez seja alguma coisa dele, sei lá. Depois de um tempo ele fala com o garçom, que logo sai.

— Já vamos pedir a comida, ok? — Assinto. — Mas antes eu tenho que cantar uma música ali — ele aponta para o palco que está vazio. — O garçom pediu e nunca nego uma apresentação.

— Ok, pode ir — ele me dá um beijo rápido e vai.

É errado eu está me iludindo, ou isso não é ilusão? Ai, é uma droga não saber o que fazer, o que é certo, se eu estou acertando ou errando. Acho que esse é um dos motivos pelos quais sempre evitei qualquer tipo de relacionamento, não confiar totalmente nas pessoas.

Depois de um tempo ele aparece no palco, ajeita o microfone e começa a cantar "Boyfriend", do Justin Bieber.

Ele canta olhando diretamente para meus olhos, eu não consigo tirar meus olhos dos seus. As pessoas começam a perceber que é pra mim que ele está olhando e várias delas dão gritinhos. Quando termina de cantar, me chama até o palco, eu estou bem tímida e envergonhada pela situação, que droga, não gosto de ser o centro das atenções assim! Acabo indo por causa de toda pressão, VOU MATAR O THOMAS.

— Há, pouco tempo atrás eu conheci uma garota — ele começa a falar enquanto subo no palco, meu Deus, eu vou enfartar. — Uma garota que eu não consigo tirar da minha cabeça — segura minhas mãos e fica de frente pra mim. — Não sei que poder ela tem de conseguir eu perder o sono, e de fazer com que quando eu durma, eu sonhe com ela — com certeza estou vermelha. — Essa garota é a mais linda do mundo, até quando está com muita vergonha, algo bem comum pra ela — sorrio olhando pra ele com uma cara péssima. — Ela é tímida, mas ao mesmo tempo não deixa a brincadeira de lado, não leva desaforo pra casa e é capaz de defender suas amigas em qualquer situação — lembro de quando o vi pela primeira vez. — Namora comigo? — Ele se vira pra mim esperando uma resposta.

— Só se depois eu puder te bater por me fazer passar tanta vergonha! — Digo e escuto várias risadas de fundo, ele faz cara de cachorro abandonado e começo a ri. — Claro que aceito, seu bobo.

Na mesma hora me segura e me beija. Escuto gritos, alguns até conhecidos, então quando nos afastamos vejo todos os nossos amigos e meus irmãos todos em uma mesa. Thomas me olha e sorri, eu retribuo o sorriso e lhe dou um selinho.

Depois disso cumprimentei todos os nossos amigos e por último meu irmão que estava com ao lado da Sara com a Emily em seu colo.

— Não acredito que minha maninha está namorando — ele diz me abraçando.

— Nem eu — falo.

Sinto o Thomas atrás de mim e me viro para abraça-lo mais uma vez e somos interrompidos pelo meu irmão.

— Thomas — ele chama e o Thomas se vira. — Primeiramente obrigada por fazer minha irmã feliz.

— Eu fico feliz por fazê-la feliz — ele responde abraçando minha cintura e beijando minha bochecha.

— Desde que você apareceu, a Elena se tornou outra pessoa, você ajudou a ela em um momento que ela precisava muito. Acho que você sabe porque — Thomas assente. — Bom, só cuida bem dela, ok?

— Pode deixar, Eric — ele fala e o dois se abraçam (típico abraço de homens apenas batendo nas costas um do outro).

Sentamos em uma das mesas grandes pra caber todo mundo e pedimos nossa comida. Está todo mundo lá. A Sophia, Justin, Jason, Nat, Ben, Mel, Charlotte e Henri, além dos meus irmãos e a Sara.

— Galera, agora eu e Elena vamos dá uma saidinha, ok? — Thomas fala olhando a hora que já deveria ser depois de três horas da tarde, já levantando e passando sua mão pela minha cintura.

— Gente, que inveja — Nat fala e percebo que o Jason revira os olhos.

— Cuida da minha amiga, viu Thomas — Sophia manda e ele dá uma piscadinha.

— Tio Thom, também quero ir — minha irmã fala e rimos.

— Meu amor, deixa a Elle, se divertir com o namorado dela — Sara fala.

— Olha, no próximo passeio eu te levo, certo? — Thomas fala e quase explodo com tanta fofura dele com ela (mimou minha irmã, já ganhou meu respeito).

— Tá certo — Emily assente.

— Pra onde vamos agora, namorado? — Digo em tom de brincadeira quando entramos no carro.

— É logo ali, pertinho — ele fala.

Não conversamos muito durante o caminho, só estamos aproveitando a companhia do outro. Em cerca de dez minutos chegamos. Ele estaciona perto do lago que é visível do restaurante. Lá é realmente lindo. Tem algumas pessoas fazendo piquenique e duas crianças andando de bicicleta. Fomos para um lugar mais reservado, sentamos no chão e começamos a conversar.

— Me desculpe por ter sido assim, sei que você odeia chamar tanta atenção — ele diz e fico toda boba.

— Não pede desculpas, foi lindo — fico pensativa. — Eu não imaginava que isso fosse acontecer, nos conhecemos hás uns dois meses.

— Elena, não precisava aceitar se não quisesse — ele responde e que raiva, eu só uso palavras erradas.

— Thomas, não é isso, tá doido? É claro que eu quero, só... — interrompo ele, mas nem consigo terminar minha frase.

— Ainda não confia em mim? Por que é tão difícil pra você?

— Porque isso é novidade na minha vida — sou sincera. — Eu quero que dê certo, por favor não ache que eu não quero, é lógico que eu quero.

— Tudo bem — ele parece meio decepcionado, tira algo do bolso e fico sem reação ao ver uma caixinha vermelha com dois anéis dentro. — Olha, não precisa usar agora, mas você é diferente e quero fazer as coisas do jeito certo.

— Thomas, é lindo — seguro. — Não fala desse jeito, se continuar vou me sentir muito culpada.

— Não se sinta, eu te entendo, foi rápido, eu sei — ele pensa um pouco olhando pro horizonte em nossa frente. — Mas isso também é novidade pra mim.

— Nós vamos fazer dar certo, tá tudo bem — passo a mão em seu rosto e lhe dou um beijo. Pego o anel e coloco no meu dedo, entrego o outro a ele e ele coloca no dele. — Eu estou feliz, você também, isso que importa, não é?

— Claro que sim — ele me puxa pra mais perto e escoro a cabeça em seu ombro. — Você é linda!

— Você também é lindo — digo e ele faz uma carinha fofa.

Ficamos em silêncio por um tempo. Todas as pessoas que antes estavam lá fazendo piquenique e andando de bicicleta já foram embora. Ele faz carinho na minha mão e eu na dele, quando do nada ele tem uma ideia bem inusitada.

— Bora tomar banho no lago?

— Como é? — Me surpreendo, pois não temos outra roupa e nem está fazendo calor.

— Só molhar os pés então, qual o problema? — Ele pergunta.

— A gente nem tem roupa — é óbvio.

— Bora — ele levanta e me puxa. — Não tem problema não.

— Thomas, seu louco — acompanho ele.

Ele levanta a calça até o joelho, tiramos nossos calçados e ficamos andando pelo lago molhando os pés e conversando sobre qualquer coisa. Ele me chama pra mais perto e quebra toda nossa conversa com um longo beijo, mas eu nem me importo, pois não era nada de importante mesmo.

— Eu passaria o resto da minha vida assim, aqui com você — ele olha de uma forma diferente, intensa e bonita. De uma forma que nunca tinha me olhado.

— Eu também passaria sem sacrifício algum.

Ele me levanta segurando minha cintura e depois descendo mais parar as pena. Me carrega até seu carro. Eu me apoio e me sento em sua frente.

— Você tem sempre essa mania de surpreender as pessoas? Ou só comigo mesmo? — Pergunto pausando o beijo.

— Hum... — ele pensa. — Dessa forma, só você mesmo — Continua a me beijar depois disso e aos poucos deita por cima de mim em cima do carro.

Paramos quando já estávamos quase sem fôlego. Ele sorri satisfeito e eu também. Se esse não é um dos melhores dias da minha vida, espero ansiosamente por um melhor do que esse, porque esse está perfeito.

Ficamos mais um tempo conversando sobre a vida e as vezes parávamos só para apreciar o silêncio e as vezes para fazer uma das coisas que mas fazemos. Tudo isso ai que já foi narrado. Foi escurecendo e quando já é perto das sete horas da noite resolvemos ir embora, pois meu irmão aparece já ali com a polícia, o exército e outras coisas.

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