Capítulo 88
Ezequiel Costa Júnior
Encostado na parede fria do hospital, com os braços cruzados e o maxilar travado, não tirei os olhos da porta da sala de atendimento por um único segundo. A cada profissional que saía, meu corpo se enrijecia. Mas, enfim, veio o médico de jaleco branco, semblante calmo, um leve cansaço no olhar.
— Senhor Ezequiel? — ele chamou, e ergui o rosto imediatamente.
— Sim.
— A senhorita Mariana está bem. Foram apenas escoriações, alguns hematomas nos braços e no rosto. Já aplicamos um analgésico para a dor e ela respondeu bem.
Fechei os olhos por um instante. O alívio veio como uma brisa depois da tempestade.
— Não bateu com a cabeça?
— Não. Talvez desmaiou com o susto.
— Posso vê-la?
— Claro. Já estamos finalizando a alta.
Agradeci com um aceno breve e entrei.
Mariana estava sentada na maca, vestindo uma camisa branca que mal cobria os joelhos. Os cabelos estavam presos em um coque improvisado e havia um pequeno curativo acima