Capítulo 10
Ezequiel Costa Júnior
Entrei, mas não fui até ela. Encostei as costas na porta fechada e fiquei ali. Braços cruzados, olhar atento. O quarto ainda estava com o cheiro do incenso que a doutora usava, uma tentativa inútil de esconder o medo no ar.
Ela estava sentada na cama, os joelhos juntos, abraçando os próprios braços. Assustada, sim. Mas me olhava. E isso já era muito.
— Quais foram seus pedidos? — perguntei, sem rodeios — Pode me lembrar o que me pediu?
Mariana hesitou por alguns segundos. Os olhos correram pelo quarto antes de voltarem pra mim.
— Visitar o túmulo da minha mãe… — começou, a voz embargada. — E procurar pelas minhas irmãs.
Assenti lentamente.
— Bom... posso conceder um desses desejos. Apenas um, terá que escolher.
Vi a surpresa surgir no rosto dela. Não falei com arrogância. Falei com verdade.
— Um?
— O túmulo da sua mãe está lá. Frio, imóvel, sem nada que eu possa mudar. Nada que você possa mudar também. Não quero te levar