Capítulo 94
Ezequiel Costa Júnior
O silêncio dominou no carro e agora dominava o elevador. O braço dela ainda entrelaçado ao meu, o corpo colado, mas o olhar... distante.
A noite anterior tinha sido longa demais. Yulssef me drenou por completo. Cuidar das formalidades do velório da Raquel, manter a postura diante da Valéria, acalmar os ânimos da casa, proteger Mariana — tudo isso sem dormir direito. Eu só queria chegar no apartamento, tirar esse terno sufocante e respirar. Mas o jeito dela me deixou em alerta.
Quando entramos, fechei a porta devagar, e por instinto, olhei para ela.
— Está tudo bem, bonequinha? — perguntei com suavidade.
Ela me encarou com um sorriso quase imperceptível, aquele tipo de sorriso que não chega nos olhos.
— Estou... só cansada também — respondeu, desviando o olhar.
“Também.”
O modo como ela disse isso acendeu uma luz vermelha dentro de mim. Algo estava errado, eu a conheço. Quando Mariana está cansada, ela reclama, joga o corpo