Capítulo 95
Ezequiel Costa Júnior
— Mariana... — minha voz saiu baixa, arrastada, como se cada sílaba estivesse carregando o peso de tudo que Raquel deixou pra trás. — Olha pra mim.
Ela não me encarou de imediato. Estava ali, sentada na beira da cama, braços cruzados sobre o peito como uma armadura mal disfarçada, tentando parecer forte. Mas eu conheço cada nuance daquele rosto. E por trás do olhar firme, havia insegurança. Medo de perder o lugar que ela mesma construiu dentro de mim.
Me aproximei devagar, ajoelhando na frente dela.
— Raquel... era uma mulher vazia, Mari. Vazia por dentro, sabe? Ela sempre foi ótima em envenenar o que era bonito nos outros, porque não conseguia preencher o próprio vazio. — Suspirei. — O que ela te disse... foi só pra te desestabilizar. Ela sabia que não podia mais me alcançar, então tentou te ferir.
— Ela não parecia estar mentindo — Mariana murmurou, os olhos ainda sem encontrar os meus.
— Eu não vou mentir pra você. Um dia, sim, eu