Diya havia passado o dia inteiro pisando em ovos por causa de Cessar. Agora que finalmente conseguira escapar da vigilância do avô, nem sequer podia relaxar e tomar uma taça de vinho?Zeus revirou os olhos para ela. Ele pegou outra taça de suco de laranja do garçom e, com uma careta, deu um gole.— Que troço horrível.Zeus nunca gostara de nada ácido. Assim que o suco tocou sua língua, ele franziu ainda mais as sobrancelhas, e a expressão cômica contrastava com o terno impecável que ele usava.Diya não conseguiu segurar o riso e soltou uma gargalhada.— Você sabe que é ruim e ainda quer que eu beba? Não é típico de você? Do tipo “se eu não gosto, ninguém mais pode gostar”?— E o que mais seria? — Zeus desistiu de encarar o suco e lançou um olhar frio para ela. — Diya, você não tem noção de que fase está vivendo agora? Está no período de preparação para engravidar e ainda quer beber? Com um gene tão bom quanto o meu, e você arrisca ter um filho com problemas por causa de álcool? Se isso
De repente, uma voz se juntou à conversa:— Eu digo que estamos todos perdendo tempo à toa. Santos no Sul, Ribeiro no Norte. Se eles vão se separar ou não, isso não muda nada pra gente. No final das contas, são famílias que a gente precisa agradar de qualquer forma. Pra que se preocupar com isso? O importante é saber que ninguém aqui pode se dar ao luxo de ofender nenhum dos dois lados.Embora o comentário fosse sensato, ele não foi suficiente para conter a curiosidade daquelas pessoas. A conversa, que já estava animada, ficou ainda mais intensa, e o burburinho começou a se espalhar.Foi nesse momento que uma movimentação incomum chamou a atenção de todos. Uma fileira de seguranças altamente treinados atravessou o salão e, com precisão quase militar, formou duas linhas paralelas no meio do caminho.Todos sabiam da influência da família Ribeiro em Malanje, mas a presença de alguém com um séquito tão imponente era algo que despertava ainda mais curiosidade.Diya, que tinha acabado de vol
Os olhares de todos se voltaram para Zeus. O rosto dele já havia escurecido, tomado por uma expressão rígida e fria.Diante dele estavam duas pessoas: sua esposa e seu irmão mais velho. E, ainda assim, os dois agiam de forma tão próxima e íntima, como se Zeus, o marido, simplesmente não existisse.O que mais irritava Zeus era Diya. Como ela tinha coragem de, em uma ocasião tão importante como sua festa de aniversário, usar um vestido presenteado por outro homem, ainda mais feito sob medida? Será que ela realmente não se importava com ele?Para Zeus, aquele vestido branco, de valor incalculável, era agora um incômodo insuportável. Ele o odiava a ponto de querer arrancá-lo do corpo de Diya naquele exato momento.Mas a situação não permitia. Com Cessar e os tios de Diya presentes, além dos inúmeros convidados, Zeus sabia que não podia explodir. Ele teve que engolir sua raiva e se conter.Enquanto isso, os convidados mais importantes já haviam chegado, e o momento mais aguardado da noite e
Diya abriu o documento e leu com atenção. Era a escritura de posse vitalícia de uma ilha privada nas Maldivas!— Segundo tio, você me deu uma ilha?Figgo respondeu com calma, como se não fosse nada demais:— Pensei o seguinte: todo mundo tem dias difíceis, momentos em que se sente sem energia ou sobrecarregado. Quando isso acontecer com você, terá um lugar só seu para relaxar. Já organizei tudo na ilha: moradia, comida, tudo resolvido. Só falta você ir aproveitar.Diya sorriu e balançou a cabeça com entusiasmo:— Com certeza, tio!O terceiro tio, Ruben, não perdeu tempo e logo se adiantou, dizendo:— Vocês estão exagerando, dando casa e ilha para ela. Mas e como minha sobrinha vai para as Maldivas? Vocês não pensaram nisso, né? Deixaram esse detalhe para mim!Ele entregou a Diya o certificado de propriedade de um avião particular:— O piloto é alguém da minha confiança, trabalha comigo há anos. Totalmente seguro! Pode viajar tranquila, Diya.— Tio Ruben, você pensou em tudo! É incrível
Gustavo falou com uma humildade que não convencia ninguém. Afinal, quem ali não sabia?Gustavo era um dos advogados mais renomados do país. Enquanto outros advogados cobravam por hora ou por caso, Gustavo cobrava por minuto. E não era qualquer um que podia contratá-lo; apenas pessoas influentes conseguiam que ele aceitasse um caso.Um profissional desse nível, agindo de forma tão modesta diante da sobrinha, era claro para todos que ele só estava brincando para agradar Diya. Ninguém ali ousava subestimá-lo por causa disso.Diya já havia recebido tantos presentes naquela noite que a emoção inicial começava a dar lugar a um leve torpor. Mas, ao ver o presente peculiar que seu tio caçula trouxe, sua curiosidade voltou à tona.Ela abriu o estojo com cuidado. Dentro, encontrou um tecido enrolado. Era uma pintura!Quando ela desenrolou a tela, um cenário outonal em tons de laranja e amarelo apareceu. As bétulas estavam secas e amarelecidas, mas flores silvestres desconhecidas floresciam com v
— Diya, você, minha menina, teve uma vida difícil. Por mais que eu e seus tios tentemos compensar, nunca poderemos substituir os seus pais. Na minha idade, não deveria mais me preocupar em dar presentes. Mas este é o seu primeiro aniversário na família Ribeiro, e como poderia eu deixar de te presentear?As palavras de Cessar eram carregadas de cuidado e emoção. Bastaram algumas frases para que os olhos de Diya começassem a marejar.— Vô, não precisava...Ela tentou argumentar, mas foi imediatamente interrompida por um gesto de silêncio que ele fez com a mão.— Não é nada demais. Só vou te dar algo simples, apenas como lembrança.Então, diante de todos os presentes, Cessar ergueu sua mão esquerda. Seus dedos magros exibiam um anel de jade verde que imediatamente capturou a atenção de todos no salão.Aquele anel não era um objeto qualquer. Ele havia sido conquistado por Cessar em sua batalha mais lendária, quando derrotou o antigo Rei das Apostas. Desde que entrou para a família Ribeiro,
Com as palavras de Cessar tão diretas e definitivas, Diya não teve mais como recusar.Depois do momento solene, a festa entrou em uma fase mais descontraída, onde os convidados aproveitavam para socializar. Era justamente essa a parte que Diya mais gostava. Ela não era fã de interações sociais formais, mas, considerando o esforço e carinho de seus tios, sabia que não poderia rejeitar.Agora com um pouco mais de liberdade, ela finalmente teve a chance de passar um tempo com Nelson, alguém que não via há tanto tempo. Especialmente porque a imagem de Nelson em uma cadeira de rodas não saía de sua cabeça. Só de pensar que seu irmão estava naquela condição, sem que ela soubesse, seu coração apertava de preocupação.Diya decidiu levar Nelson até o jardim dos fundos. Ela empurrou a cadeira de rodas enquanto conversavam, e assim que chegou ao balanço, sentou-se nele. Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, percebeu que uma figura feminina esguia os seguira até ali.Diya, instintivamente,
Diya quis perguntar o que havia acontecido com aquelas pernas, mas temeu tocar em um assunto delicado e acabar deixando Nelson desconfortável. Enquanto ela hesitava, Maya de repente interrompeu seus pensamentos:— Srta. Diya, quem era aquele homem que estava ao seu lado agora há pouco? Ele é muito bonito! Será que você poderia me apresentar?Na festa de aniversário, apenas um homem permaneceu ao lado de Diya o tempo todo: Zeus.Quando Maya mencionou Zeus, seus olhos brilharam de entusiasmo. Ficava claro que ela estava interessada nele.Nelson franziu as sobrancelhas, como se tivesse pensado em algo, e logo advertiu:— Maya, você voltou ao país para se dedicar ao seu novo projeto de pesquisa. Não perca tempo com distrações inúteis.A relação entre Zeus e Diya estava em um momento delicado. Diya sabia que Nelson tinha repreendido sua aluna favorita principalmente porque temia que ela ficasse desconfortável.Mas... Diya já não se importava mais com isso.— Que conversa é essa, segundo irm