A tempestade que caía lá fora era apenas uma metáfora pálida para o furacão que girava dentro dela.
Miranda caminhava sob a chuva fina, os cabelos molhados colando na pele, o batom borrado nos lábios trêmulos. As mãos agarravam com força a bolsa de couro, como se fosse a última âncora de sanidade que ainda possuía. Mas já não era. Ela havia perdido isso muito antes… quando Helen entrou na vida de todos e tirou tudo o que era seu.
O salto batia com raiva contra a calçada, cada passo mais descompassado que o anterior. Ao chegar à porta da casa de James, nem pensou em bater. Ela sabia que ele deixava destrancada. A confiança dele era a sua arma.
Entrou.
— James? — chamou, a voz rouca, desesperada. — Sou eu… Miranda.
Ele estava na sala, o copo de uísque nas mãos, os olhos cravados na lareira acesa. A luz laranja dançava sobre os contornos frios do rosto dele. Sem virar, respondeu:
— O que você quer aqui?
Ela fechou a porta, deixando a água pingar de sua roupa no chão de madeira. Tirou o c