“A dor do arrependimento pesa mais do que qualquer erro cometido.”
O empresário avançava pelo corredor como uma tempestade contida, atraindo olhares surpresos e cochichos disfarçados. A presença dele na empresa era um acontecimento raro, especialmente naquele horário.
Ethan Carter, o presidente da corporação, tinha uma reputação sólida como homem de negócios, mas uma presença distante e fria quando se tratava da esposa, Helen. Todos sabiam que eram casados, mas o relacionamento deles sempre pareceu mais um contrato formal do que um casamento de verdade.
O que ele fazia ali, a passos decididos e expressão sombria?
A respost
Ethan CarterEssa é a única palavra que define como me sinto hoje. Como pude agir daquela maneira com Helen? Ela não merecia isso, nunca mereceu.Agora, por minha culpa, todos na empresa a olham de maneira diferente. Os sussurros, os olhares carregados de malícia, os comentários maldosos…Tudo por minha irresponsabilidade. Tudo porque fui um egoísta.Minha imprudência a expôs de uma forma cruel, e eu nem sequer tentei impedir. Eu preciso consertar isso. Mesmo que não saiba como.O som metálico do elevador anunciando a chegada à cobertura me tira dos meus pensamentos. As portas se abrem, e eu sigo direto para minha sala, tentando organizar minha mente antes que a culpa me sufoque de vez.— Bom dia, senhor Carter. — Simone, minha secretária, me cumprimenta assim que passo pela recepção. — Sua reunião com o senhor Moretti será em trinta minutos.— Ótimo. Quando todos chegarem, me avise. — O tom da minha voz sai seco, mas não por impaciência é exaustão. Antes de entrar na minha sala, me v
Enquanto Ethan entrava com Liam em uma reunião que duraria a tarde inteira, Helen se concentrava nos projetos da equipe de design em sua sala. Os olhos corriam pelas telas, analisando cada detalhe com precisão, mergulhada no trabalho a ponto de não perceber o telefone tocando.Quando finalmente notou a chamada perdida, seu rosto se iluminou.Zoe…Sem hesitar, atendeu com um sorriso nos lábios, antes de dizer alguma coisa, escutou a voz animada da cunhada. — Olá, cunhadinha! O que acha de almoçar com sua cunhada linda e maravilhosa hoje?Helen riu, balançando a cabeça. Zoe sempre tinha esse jeito espontâneo, leve, que fazia qualquer dia parecer melhor. Mas, no fundo, Helen sabia a verdade. Enquanto Ethan fazia de tudo para mantê-la afastada, sua família fazia exatamente o contrário.E Zoe?Ela sempre foi um refúgio. A irmã mais nova de Ethan era a única pessoa que conhecia seus verdadeiros sentimentos. A única que sabia o quanto Helen amava aquele casamento, apesar de tudo. E por mais
A reunião foi um sucesso absoluto. Os acionistas estavam satisfeitos, e um deles, antes de se retirar, fez questão de se levantar e expressar sua admiração ao novo CEO. — Ethan, estamos extremamente orgulhosos dos feitos que você conquistou até agora. — O homem disse, lançando um olhar de aprovação. — Sua visão para a empresa tem sido impecável.Ethan se permitiu um sorriso satisfeito e com um sorriso nos lábios, respondeu:— Agradeço pela confiança. Meu foco sempre será o crescimento da empresa e o incentivo aos nossos funcionários. O sucesso é um reflexo do trabalho em equipe.O acionista assentiu com um sorriso, assim como os demais executivos que cumprimentaram Ethan antes de deixarem a sala.Agora, apenas ele e Liam permaneciam ali. O amigo se levantou, caminhando até o bar no canto da sala e servindo duas doses generosas de uísque.— Tenho que admitir, você tem feito um trabalho incrível. — Liam comentou, entregando um copo a Ethan. — A empresa cresceu absurdamente nos últimos
Helen e Zoe estavam sentadas em um restaurante charmoso no centro da cidade. A mesa, decorada com um pequeno vaso de flores brancas, tinha pratos quase intocados, pois a conversa parecia muito mais interessante do que a comida. Zoe estava visivelmente animada, seus olhos brilhando de curiosidade enquanto se inclinava para frente.— Tá, agora me conta, Helen! — disse Zoe, sorrindo travessa. — Como assim você veio para a empresa com o Ethan hoje?Helen suspirou, mexendo distraidamente no suco com o canudo.— Ele só quis ser gentil depois do que aconteceu ontem. — respondeu, tentando parecer indiferente.— Sei… — Zoe ergueu uma sobrancelha, desconfiada. — E o que foi que aconteceu ontem?O sorriso no rosto de Helen sumiu e ele encarou Zoe nos olhos. — Não viu a matéria? — Matéria? Helen pegou o celular o mexendo e procurou nas redes socias. Elevou a sobrancelha em confusão percebendo que a matéria havia sido removida. — Vamos Helen me conta logo o que o idiota do meu irmão fez dessa
Zoe estacionou o carro com mais força do que pretendia, sua raiva ainda fervia sob a pele. Ela não conseguia tirar da cabeça a cena de Miranda se aproximando delas com aquele maldito sorriso presunçoso, humilhando Helen sem sequer precisar levantar a voz. O pior foi ver a dor estampada no rosto da cunhada, mesmo quando ela tentava disfarçar.Assim que entrou em casa, encontrou Ethan no hall de entrada, ajustando o paletó. Ele parecia prestes a sair, segurando uma pasta de documentos.— O que você tá fazendo aqui? — perguntou Zoe, cruzando os braços.— Vim deixar um documento pro papai assinar, ele tá no escritório. — respondeu, mas logo estreitou os olhos, analisando o semblante da irmã. — O que houve? Você tá com uma cara péssima.Zoe bufou, largando a bolsa sobre o sofá com irritação.— O que houve? Aquela sua maldita amante, ela é o problema!Ethan franziu a testa imediatamente.— O que tem a Miranda?:Zoe passou as mãos pelos cabelos, tentando conter a raiva antes de explodir.— E
Ao entrar na casa, Ethan foi engolido por um silêncio pesado, denso, quase opressor. Não era o tipo de silêncio calmo, confortável, era o tipo que grita em cada canto, que ecoa aquilo que a alma tenta sufocar.Ele fechou a porta devagar, como se temesse o som que pudesse fazer. O suspiro que escapou de seus lábios foi longo, cansado, arrastado como quem carrega mais do que os ombros podem suportar.Sim, ele estava exausto.Mas não era o corpo que doía, era algo mais profundo. Uma dor que lhe consumia em silêncio, algo que ele recusava dar nome. Caminhou lentamente pela sala e então parou quando viu Helen encolhida no sofá. O corpo pequeno, quase frágil, como se tentasse se proteger do mundo inteiro. O rosto relaxado pelo sono ainda guardava os traços de uma tensão invisível, um cansaço emocional que se infiltrava até em seus sonhos.Ethan ficou parado por um instante, apenas observando. O coração bateu mais lento. Mais pesado.Ele sabia que deveria simplesmente virar as costas e deix
A luz da manhã entrava suave pelas frestas da cortina, tingindo o quarto com tons dourados e melancólicos. Helen despertou lentamente, como se seu corpo relutasse em abandonar o refúgio silencioso dos sonhos, porque lá, ao menos, o amor de Ethan era inteiro, e seu.Mas a realidade não oferecia conforto.Abrir os olhos significava lembrar. E, às vezes, recordar do que não se tem é mais cruel do que qualquer pesadelo.Lembrava-se da presença constante de Ethan naquela casa, mas também da ausência gritante que havia entre eles. Lembrava do toque educado, da distância disfarçada de convivência, dos olhares que não se encontravam.Ela era sua esposa…Mas era como se fosse invisível.Casada, sim, porém sozinha.Com o coração encolhido, abriu os olhos devagar, deixando que a claridade revelasse o cenário ao redor. Levou alguns segundos para perceber o que havia de diferente: estava em sua cama, mas não se lembrava de ter ido até ali.A última coisa que recordava era o sofá. Estava ali na noi
Dois Meses DepoisOs dois entraram no apartamento praticamente se arrastando, carregando uma quantidade absurda de materiais de trabalho. Ethan, que segurava três bolsas, sendo duas de Helen, largou tudo no sofá com um suspiro pesado e, sem cerimônia, se jogou ao lado.Helen parou na porta, observando a cena com os braços cruzados e um sorriso divertido nos lábios.— Ethan, você pode ir tomar um banho que eu vou preparar algo para comermos. — disse, se aproximando para pegar suas coisas.Ele ergueu a cabeça preguiçosamente, arqueando uma sobrancelha enquanto um meio sorriso surgia no canto da boca. — Sério, Helen? Como você ainda tem energia pra fazer qualquer coisa? — Ele fechou os olhos por um momento, jogando a cabeça para trás. — Foram doze horas de trabalho. Não, pior! Hoje foram quinze por causa daquela reunião inútil e interminável!Helen riu do drama exagerado.— Ah, claro, porque ficar sentado em uma sala ouvindo as mesmas informações repetidas mil vezes é uma tarefa absurda