A porta bateu atrás de mim com um estrondo abafado, mas nem isso me fez olhar para trás.
Eu não sei como saí da empresa. Não lembro do elevador, do estacionamento, do caminho até o carro. Tudo o que lembro é da dor, essa que martela o peito com tanta força que parece que vai explodir a qualquer segundo.
A dor da ausência.
A dor da culpa.
A dor de ser o responsável por ter afastado a única mulher que me amou de verdade.
O caminho até o apartamento foi automático. Dirigi como um zumbi, sem ver semáforos, sem contar as ruas, sem escutar as buzinas impacientes. Minha mente estava em outro lugar.
Estava com ela.
Com Helen.
Com o silêncio dela indo embora e me deixando sozinho com os meus erros. Por mais que não tenha tido culpa, eu estava pagando por toda dor que eu a fiz passar. Não a culpo por acreditar no que viu, porque eu a machuquei muito.
Cheguei em casa e joguei as chaves num canto qualquer. Tirei o paletó e joguei no chão. Depois a camisa, os sapatos. Um por um, fui largando os p