Quando o café termina, ele a chama para o jardim.
— Vamos ver se a borboleta azul volta hoje?
— Siiiim! — ela responde com um sorriso que arranca uma parte de mim. — Eu vou procurar uma igual pra te mostrar!
Eles saem pela varanda de mãos dadas, e eu fico na porta, observando os dois. Ele anda devagar, com um leve desequilíbrio no pé esquerdo, quase imperceptível. Quase.
Mas eu vejo.
Porque agora, eu vejo tudo.
Fico ali parada, com as mãos ainda molhadas de lavar louça, e penso: como se prepara o coração para um amor que está indo embora, mesmo quando ainda está aqui?
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As bolhas da banheira de hidromassagem envolvem meu corpo como uma carícia cálida, e aos poucos, meus músculos se rendem completamente. Uma sonolência gostosa me embala. Deixo a cabeça escorregar até repousar na borda da banheira, os olhos se fechando lentamente, enquanto o som suave da água e da música ambiente me envolve como um cobertor invisível, trazendo uma maresia de lembranças.
Dormimos no sofá da sala.