Basílio, envergonhado, murmurou seu nome:
— Meu nome é Basílio.
Lúcia sorriu radiante, aquele sorriso que parecia iluminar o mundo, e deu dois tapinhas nas roupas sujas dele:
— Certo, Basílio. Vou lembrar do seu nome. A partir de agora, somos amigos, ok?
Mas, na verdade, assim que virou as costas, Lúcia o esqueceu completamente.
Basílio, por outro lado, nunca conseguiu esquecer aquele dia. Incontáveis vezes quis agradecer a Lúcia. Se não fosse por ela, ele jamais teria conseguido estudar em paz na sala de aula iluminada, protegido de todos os valentões, e ainda por cima com uma bolsa de estudos. Bastava dizer que ele era "amigo da Lúcia", e ninguém mais ousava encostar nele.
Muitas vezes ele tentou criar coragem para se aproximar dela e dizer um simples "obrigado". Mas ela estava sempre rodeada de amigos ricos, vestindo aqueles vestidos de princesa, feitos sob medida, tão bonitos e caros que pareciam tirados de um conto de fadas.
Basílio sentia-se pequeno demais. Ele era um filho ilegí