O papagaio piscou os olhos negros e brilhantes, encarando Lúcia.
Ela passou a mão suavemente pelas penas escuras e macias da ave, sorrindo quase sem perceber. Gostava dele. O canto dos lábios se curvou ainda mais enquanto ela dizia:
— Sílvio gosta da Lúcia.
O papagaio permaneceu em silêncio.
— Vamos, diga! Se você falar, eu compro mais ração para você. Quem sabe até te levo para casa comigo. — Lúcia abaixou-se um pouco mais, a voz agora doce e persuasiva, toda a sua atenção focada nele.
Mas o papagaio continuava mudo, como se estivesse deliberadamente ignorando o pedido.
De repente, o som de pneus rangendo contra o asfalto quebrou o silêncio. Lúcia virou a cabeça rapidamente e viu um Rolls-Royce Cullinan preto estacionando em frente à Mansão do Baptista. Seu coração disparou. Ela reconhecia aquele carro. Era o de Sílvio!
Ela se levantou de um salto, os olhos fixos na porta que começava a se abrir. Leopoldo foi o primeiro a descer. Ele abriu um grande guarda-chuva preto com um gesto fir