Sílvio sorriu de leve e estendeu a mão larga e áspera, acariciando o topo dos cabelos negros de Lúcia. Mesmo doente, os fios dela eram suaves ao toque, como plumas roçando a palma dele.
— Difícil avaliar? — Lúcia disse, comprimindo os lábios.
Ele deu um leve tapinha em seus cabelos.
— Você beija melhor que eu.
Sílvio a envolveu nos braços, sua mão deslizando sob a bata de hospital dela, subindo lentamente enquanto repousava o queixo em seu ombro.
— A cirurgia é depois de amanhã. Tem algum desejo antes disso?
Lúcia corou com o toque dos dedos dele, mordeu o lábio e pensou com seriedade antes de responder:
— Quero visitar o túmulo dos meus pais.
Ela se lembrou do que o Dr. Daulo disse sobre as chances do procedimento. Eram apenas 40%, e ela mal recordava quem eram seus pais. Sentia uma culpa profunda por isso. Queria, enquanto ainda havia tempo, saber onde estavam enterrados e deixar uma flor para eles pessoalmente.
— O cemitério fica num vilarejo isolado, lá em Cidade A. De carro, são