O amargor no coração de Sílvio crescia cada vez mais. Então ela realmente não se lembrava. Só ele ainda estava preso ao passado; só ele ainda se lembrava.
O trajeto até o cartório durou pouco mais de dez minutos. Ninguém disse uma palavra sequer. O silêncio no carro era assustador.
Lúcia, para evitar mais discussões que pudessem atrapalhar o processo de divórcio, fechou os olhos, fingindo estar dormindo.
Sílvio sabia que era fingimento, e entendia perfeitamente que era uma maneira dela evitá-lo. Mas preferiu não dizer nada, revelando sua percepção silenciosa.
Estava prestes a acabar; ele não queria quebrar o raro, embora frágil, momento de paz.
Quando o carro parou em frente ao cartório, Leopoldo foi o primeiro a descer. Ele contornou o veículo e abriu a porta do banco traseiro com um gesto respeitoso.
Lúcia fez menção de sair, mas Sílvio a puxou para seus braços.
— O que você pensa que está fazendo? — Disse Lúcia, num tom impaciente.
A reação dela era como uma série de agulhas cravand