Lúcia não entendia muito bem como Sílvio havia aparecido ali.
Será que ele veio prestar as últimas homenagens ao pai dela?
Impossível! Foi ele quem causou a morte do seu pai. Eles eram inimigos, então por que Sílvio estaria ali com boas intenções?
A verdade é que ele devia ter vindo apenas para debochar, para assistir à tragédia de camarote.
Lúcia apertou o peso da urna em seus braços. Hoje era o dia do enterro do pai, e ela não queria causar problemas com Sílvio.
Ela só queria que o momento fosse calmo, uma despedida digna e silenciosa, sem desentendimentos que pudessem perturbar a alma de seu pai.
Com esse pensamento, Lúcia desviou o olhar e, segurando firmemente a urna pesada, começou a caminhar na direção de Sílvio.
Sílvio sentiu o coração disparar no peito.
Mas Lúcia passou por ele leve como o vento, como se ele não estivesse ali, como se fosse invisível.
Na noite anterior, Sílvio havia passado horas no carro, fumando compulsivamente, observando a neve que caía pesada lá fora.
Ela