Capítulo 2
Ele segurava um buquê de rosas vermelhas nas mãos, sem o menor traço de culpa no rosto.

— Elisa, são para você. — Ele estendeu a mão para me entregar. — São as suas rosas favoritas.

Peguei as flores. O perfume que antes me trazia alegria passou a me dar repulsa.

Rafael me observou em silêncio por um longo tempo antes de finalmente dizer:

— Elisa... a Isabela está com câncer no estômago. Os médicos disseram que ela não tem muito tempo de vida. — Ele fez uma pausa, respirou fundo e continuou: — O último desejo dela é se casar comigo. Daqui a três dias, ficarei noivo dela. Você sempre foi tão compreensiva... Tenho certeza de que vai entender, não é?

Olhei para ele, sentindo um estranho distanciamento.

Era esse o homem que eu amei por cinco anos?

— Tudo bem. — Assenti calmamente.

Rafael pareceu surpreso, como se não esperasse que eu aceitasse tão facilmente.

Afinal, ele sempre dizia que eu era teimosa, mimada, possessiva e que eu me irritava sempre que alguma mulher se aproximava dele, diferente das namoradas "compreensivas" dos outros.

Agora, diante da notícia de que ele iria se casar com outra mulher primeiro, eu não demonstrei raiva alguma.

E, mesmo assim, ele ainda se espantou.

Pelo menos, o Rafael percebeu que tinha ido longe demais desta vez. Por isso, ele olhou para mim e tentou se justificar:

— Elisa, eu sabia que você entenderia. Fique tranquila, quando tudo isso acabar, nós dois vamos nos casar. A Isabela só tem mais um ou dois meses de vida...

Baixei os olhos e encarei as rosas em minhas mãos.

Um aperto profundo tomou conta do meu peito.

— Tudo bem. — Concordei sem hesitar.

Por um momento, ele pareceu um pouco confuso quando me olhou.

— Elisa, muito obrigado.

Ele se aproximou, estendendo a mão para tocar meu rosto.

Fingi que ia colocar as flores no vaso e desviei, evitando seu toque.

Algumas horas antes, ele estava de mãos dadas com Isabela Rocha. Não suportava a ideia de ser tocada sem que ele lavasse as mãos. O cheiro do perfume dela, ainda tão presente nele, era o que bastava para eu querer desaparecer.

Rafael pareceu notar minha resistência e franziu o cenho, incomodado.

— Elisa?

Durante todos esses anos, eu nunca o havia confrontado.

— Estou cansada. Vou descansar.

Baixei a cabeça, evitando encará-lo, e caminhei direto para o quarto.

Rafael acompanhou meu movimento com o olhar, irritado com a minha frieza.

— Elisa Lima, o que significa isso? — O olhar de Rafael inquisidor me encarava. — Acabei de dizer que a Isabela não tem muito tempo! Você não consegue ser um pouco mais compreensiva? — Assim que terminou de falar, virou-se e saiu.

A porta da mansão se fechou atrás dele.

Levantei a cabeça e vi a sala vazia. Finalmente, senti um alívio que me pegou de surpresa..

Joguei no lixo as rosas vermelhas que Rafael me trouxe, junto ao bolo que ele havia comprado.

Depois comecei a arrumar minhas coisas.

Durante esses cinco anos, comprei tantas coisas que a casa parecia cheia demais.

Mas, enquanto eu arrumava tudo, percebi que não havia quase nada que valesse a pena guardar.

Comecei a jogar roupas, sapatos e bolsas no lixo.

E quanto às nossas lembranças? Não, eu não queria mais nenhuma delas.
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