Viviane é uma jovem moradora da comunidade Estrela Guia na cidade de São Paulo. Mora com sua avó Zélia, uma senhora doente e que tem apenas a neta como família. A jovem vive uma relação com Pedro o chefe da comunidade. Um ex-policial federal que faz parte da milicia, traficando armas e produtos importados. Leonardo é um médico que vem de família tradicional, se torna diretor da pequena clínica que foi criada na comunidade e ama ser médico e ajudar aqueles que mais necessitam. Em um encontro com Viviane ele se encanta pela morena de olhos negros sem saber que ela é uma mulher proibida. Vamos conhecer esses três personagens, cada um com seus demônios, com seu modo de vida e um triangulo perigoso se inicia assim que Viviane começa a perceber que existe um mundo muito além das ruas daquela favela.
Leer másViviane
Acordo pensando no que me espera naquele dia. A noite foi longa, vovó não conseguia dormir por conta das dores de cabeça e não sei o que fazer para melhorar a saúde dela.
Nasci e cresci nessa comunidade, e agradeço por ter uma casa mesmo que numa comunidade e apesar de tudo eu sou muito feliz aqui.— Viviane, meu amor, me traga um copo de água?Vovó Zélia é a única pessoa que tenho nesse mundo. Meus pais morreram a 10 anos atrás quando estava prestes a completar 8 anos. Era uma tarde de domingo onde todos comemoravam o feriado santo, a polícia invadiu a favela por conta de uma denúncia e com isso do nada os homens entraram atirando em quem viam pela frente. Depois dali, apenas nós duas vivíamos numa casa com três cômodos em uma parte privilegiada da favela por conta do meu pai que quando vivo, era amigo do antigo chefe daqui. Logo depois que Seu Chico faleceu por conta de um infarto fulminante, o filho mais velho Pedro é quem assumiu tudo. Pedro é um ex-policial federal expulso da corporação, estava envolvimento com a milícia e foi expulso por se envolver em uma confusão com alguns superiores. Ele, além do dono do morro, se sente como meu dono também.— Já estou indo buscar, vovó. A senhora já separou seu primeiro remédio da pressão?Sigo para a cozinha enquanto assisto minha avó com dificuldade andar até uma mesinha onde guardava os remédios que são muitos.Encho um copo de água natural e aproveito para colocar a água na chaleira para preparar o café para nós duas. Hoje não vou precisar ir para o curso, então preciso aproveitar as horas ao lado da vovó. Volto para o quarto e entrego o copo para ela, que com certa dificuldade engole o comprimido com o líquido.— Vó, você pode ficar deitada mais um pouco, hoje não preciso ir para o curso e o Pedro ainda está viajando, então vou aproveitar para ficar com você.— Filha, mas você acha certo? Se ele aparecer de surpresa ou mandar um dos garotos te vigiar?— Vovó, ele não pode me manter presa para o resto da vida aqui nessa favela. Eu tenho que estudar e ele sabe disso, pouco me importa o que ele pensa ou deixa de pensar.Volto para a cozinha virando as costas para ela. Sempre é a mesma defesa como se minha avó não enxergasse o que eu consigo sempre que me encontro com ele. Pedro colocou os olhos em mim quando eu estava com 16 anos, na época ele era um homem feito de 30 anos e já havia assumido o lugar do pai aqui na favela. Sempre bem-vestido e conquistador, foi a mim que ele escolheu para ser uma das suas inúmeras mulheres, e é apenas para manter minha avó viva que continuo concordando em aturar o que tenho com ele.Pego meu celular que esqueci na mesa da cozinha e dou uma olhada em uma das minhas redes sociais até que leio sobre a notícia do tiroteio da noite passada. — Com certeza o Pedro vai chegar nervoso como sempre por saber que os tontos que ele acha que são competentes deixaram os homens entrarem aqui e fazer toda essa bagunça.A notificação de mensagem chega e reviro os olhos ao ler quem enviou.“Estou voltando hoje pra casa, espero você a noite e uma das meninas pode cuidar da vó enquanto nos encontramos. Não esqueça que quero você bem cheirosa ao meu lado hoje. Estou irritado pelo que houve e só você pode me acalmar”— Saco! Meu Deus, me ajuda a me livrar disso em breve, não sei até quando vou conseguir suportar.A água ferve e me apresso a preparar o café da manhã, vou aproveitar e limpo a casa agora cedo, deixando para ir ao salão da Vicky depois do almoço, assim faço o que preciso fazer.Depois de coar o café, preparo um sanduiche para nós duas e coloco na bandeja, volto para o quarto e encontro vovó assistindo a missa. Todos os dias ela não perde uma missa do Padre João, sempre pedindo para que Deus continue iluminando os meus caminhos.***Depois de organizar a casa, avisei a vovó que iria até o salão e pedi para que uma das meninas fizesse companhia para ela, Pedro já deixou recado, então fui tranquila sabendo que ela estaria em boas mãos. De lá iria direto para a casa dele e com certeza teria que preparar o jantar. Ao menos o curso de culinária que faço e que amo serve para esses momentos.O salão da Vicky fica na entrada da comunidade, é o melhor da região e minha amiga atende até mesmo algumas ricas que moram no Jardim América que pagam de boas mulheres na mídia, mas por trás, só quem convive ali sabe do que os maridos e amantes são capazes.— Já estava te esperando, seu homem me mandou mensagem cedo contando que queria você bem linda essa noite. Pelo tom de voz ele vem nervoso por conta do que houve aqui ontem.Vicky me abraça assim que chego e sou alvo de olhares por parte de algumas que me toleram ali. Por elas eu teria sido expulsa há tempos, mas como minha amiga disse, “meu homem” manda ali e enquanto eu estiver servindo para ele, preciso ser tratada bem.— Me fala que você é quem vai me atender? Ele me mandou mensagem com aquele tom que você já conhece e saindo daqui vou direto pra casa dele.— Garota, não sei por que não aceita logo morar com o Pedro. Você já está com ele há 2 anos e fica se fazendo de difícil, tá esperando que ele te dê um anel de brilhante?Dou risada ao ouvir aquilo. Pedro pode ser tudo, menos o tipo de homem que pediria alguém em casamento. Apenas eu conheço o verdadeiramente e sou eu que tenho que suportar todas as birras e surtos quando nada saí do jeito que ele quer.— Deixa de conversar demais e vamos, você precisa me deixar linda porque senão seu querido chefe surta se não me encontrar como quer.3 anos e meio depois...VivianeSentada na varanda conversando com minha melhor amiga e vovó, observava o movimento àquela hora do dia na rua. Ester brincava de casinha com Duda a filha da Vitória com Lucas. 4 anos se passaram desde a volta do Pedro, minha separação, meu novo casamento com o pai dos meus filhos. Estrela Guia agora se encontrava tão diferente de 8 anos atrás. Eu agora estava com 26 anos. Casada com o amor da minha vida, dona de duas docerias na cidade e vivendo uma vida que nunca esperava viver. Tanta coisa mudou em nossa comunidade. Tanto para o bem quanto para o mau. Pedro dizia que pensava em se aposentar e passar os negócios para o Lucas. No fundo eu sabia que era apenas da boca para fora isso. Meu marido amava o que fazia e se orgulhava de tudo que construiu com o passar dos anos. Aos 40 anos, se tornou conhecido pelo pulso firme com que lidava com as coisas, os negócios não tão certos, bem ele continuava fazendo. Porém não era, mas alvo da polícia como antes. Eu
Leonardo Sentado sozinho no primeiro bar que encontrei, depois que saí da casa dos meus pais. Minha rotina agora era do trabalho para casa, com parada para o jantar com minha família. Há seis meses eu vivia assim. Tentando focar no trabalho, projetos e propostas que eu analisava todos os dias. A vida deu um giro de 360º depois que Marcelo foi preso e agora aguardava o julgamento em um dos presídios da cidade. Por dias ele tentou me manipular, chantagear, porém, eu não deixei que ele dominasse novamente minha vida profissional. Minha mãe palpitava sobre um novo casamento, por conta do partido que sempre batia na tecla de que um político casado com família sempre seria bem-visto aos olhos da população. Sara estava de volta ao Brasil e retomamos nossa relação. Nos encontrávamos a noite em seu apartamento, conversávamos sobre nossas vidas, evitando falar do meu casamento com Viviane e do que eu fiz para tentar conquistar o amor dela. Quando me encontrava com Sofia, ela comentava algo sobr
PedroSeu Neto e eu esperávamos por Vitória. A garota nos avisaria o momento em que Viviane se encontrava pronta para assim darmos início a cerimônia. Hoje era o dia, mas importante na minha vida. Viviane se tornaria minha esposa para todo o sempre. Todos esperavam a chegada da noiva. Seu Neto e eu nos encontrávamos atrás do altar enquanto Viviane terminava de se arrumar na salinha.—José não conseguiu chegar para o casamento, mas mandou avisar que torce pela sua felicidade ao lado da Viviane.—Ele me contou que não teria como vim e avisou que espera com ansiedade o convite do batizado do segundo filho.Nós dois rimos assim que falo. Viviane me contou que pararia de tomar a medicação. Que ter mais um filho, mesmo com Francisco ainda pequeno. Assim os dois cresceriam juntos.Enquanto conversa com meu amigo, vi Lucas se aproximando de mim. O garoto parecia nervoso e me chamou para conversar em particular.—Chefe, não queria estragar o casamento do senhor, só que preciso contar que a Viv
PedroViviane admirava a cidade ao meu lado. Depois do jantar, pedi para que um dos funcionários retirasse as coisas do quarto e assim nós dois poderíamos ficar, mas a vontade. Sentada ao meu lado, minha princesa via do alto as luzes que iluminavam a noite paulista. A única coisa que pedi que deixassem em cima da mesa que ficava ali na varanda era a caixinha com a joia que seria a surpresa final da nossa noite.—Acho que vou ligar para a Fátima e saber o que nosso filho anda fazendo — impeço que Viviane se levante para pegar o celular na sua bolsa.—Não precisa se preocupar com nada Viviane. Nosso filho essa hora já deve estar dormindo. Se algo tivesse acontecido, tenho certeza de que a Fátima ou até mesmo a sua avó teriam nos avisado. Tento deixar Viviane, mas calma. Eu tinha muitos planos para depois do nosso jantar. O anel que eu entregaria dois anos atrás, ela já havia descoberto então eu precisava de uma outra forma de fazer o pedido de casamento e dessa vez de forma correta.A n
LeonardoNunca na vida imaginei, que estaria em uma delegacia esperando para conversar com um preso. Ao chegar em casa depois do jantar na casa dos meus pais, enquanto trabalhava no escritório, recebi a ligação de um dos advogados do Marcelo. Na mensagem, o homem exigia a minha presença na manhã seguinte. Que eu precisava ir até lá para ter uma reunião com Marcelo, relacionado às questões da secretária. Claro que era uma mentira, com certeza os celulares dos advogados estavam sendo rastreados. Apenas respondi com um “sim” e agora me encontrava aqui nessa sala, com um policial me vigiando a todo instante como se eu fosse o bandido ali. Disfarçava o nervosismo, concentrando em um ponto qualquer daquela sala, aguardando a entrada do Marcelo. Quase 15 minutos depois, que mais parecia horas, a porta se abriu e ele entrou escoltado por dois policiais.— Garoto, não precisa ficar aqui vigiando a nossa conversa. Você e seus companheiros aí do lado sabem o que devem fazer a partir de agora.Ma
Leonardo— Leonardo, não consigo acreditar em tudo que ouvi e li — mamãe seguia desconfiada, achando que Marcelo era inocente. Que um complô foi armado, porque ele era um homem justo, correto e que jamais faria algo assim.—Soraia, não seja ingênua, minha querida. Às vezes achamos que conhecemos alguém e no final tudo não passa de um personagem.Papai, afirmava enquanto eu permanecia calado na sala apenas ouvindo. Depois que a polícia revistou minha sala, não encontrando nada que me prejudicasse, foram embora e logo depois vim para casa dos meus pais. A notícia nas mídias sociais, pipocavam com acusações piores do que a polícia descobriu. Durante o jantar, a conversa foi a prisão dele e agora seguia o mesmo assunto. Mamãe não acreditava que um homem “bondoso” como Marcelo cometeria crimes horrendos como os que ele estava sendo acusado.—Pai, não sei se devo continuar com o cargo de secretário — desde o momento que Pedro saiu da minha sala a polícia apareceu logo depois, me peguei pens
Último capítulo