Aisha N XII
Faz quatro dias que estamos viajando, parando apenas para comer, beber e dormir. Eron se transformou várias vezes em lobo e me fazia montar em suas costas, mas eu sei que ele percebia o quanto estava cansada e por isso decidia me dar uma carona.
Mas finalmente, depois de tantos dias na floresta, a estrada que nos levará até a cidade está bem diante de nós.
— E agora? — pergunto. — Continuamos andando? Para onde iremos?
Eron fareja o ar, como se pudesse sentir algo mais do que o cheiro doce das árvores frutíferas.
— Cindra não está muito longe. Vamos seguir a estrada — diz e segue na frente.
Eron é muito calado. Fala algo somente quando necessário, talvez isso se deva a sua vida solitária. Dez anos vivendo sozinho e sem ter uma casa e amigos... Isso é triste, solitário, e explica seu comportamento.
Sigo-o em silêncio. Mas percebo que ele está alerta, olhando de um lado a outro, farejando, como se estivesse na sua forma de lobo.
— Vai chover, é melhor corrermos — avisa ele.