Tory Fury Quando segui Hiran para Terra Suprema estava preparada para quebrar a cara mais uma vez na vida. Quando invadi aquele lugar, simplesmente arrisquei tudo por não imaginar como seria as coisas sem ele. Mas para uma coisa nunca estive preparada: me casar com Hiran.Estive preparada para que ele me aceitasse ao seu lado, que vivesse comigo e até que tivéssemos filhos, mas nunca tive expectativa de algo mais significativo.Quando Hiran declarou que desejava se casar comigo, mesmo que tivesse que ser simbólico, pois não há um cerimonialista entre nós, fiquei sem resposta. Depois que tantas coisas ruins acontecerem na minha vida, me contentei em ter dias menos ruins, a ganhar migalhas, mas Hiran me surpreendeu.— Em que está pensando, meu amor? — inquire ele, de maneira tão carinhosa que chega a apertar meu coração.— Só estava pensando em como tive sorte — respondo com um sorriso amplo.Viro-me na cama de modo que fico de frente para o meu marido. Os dedos grossos dele raspam em
Cinco anos e meio depoisHiran FuryA vida no refúgio Esperança é simples, mas é boa. Depois que todos se habituaram a nova realidade, tudo começou a fluir muito bem. O nome do refúgio foi dado por Layla, e foi um nome muito bem vindo, pois é isso o que todos alimentam nesse refúgio: a esperança de viver.Ontem, escrevi o relatório para o meu irmão, em breve o navio vai chegar e será a hora de entregá-lo. Desde que enviei o primeiro relatório, após nos assentarmos em um lugar fixo, informando ao meu irmão tudo o que era necessário sobre o mundo, Handall e qualquer outra informação importante, faço isso periodicamente.Para ter dinheiro, voltei a trabalhar para os bruxos. È claro que mantenho distância de qualquer um que possa me reconhecer, mas, como agora há muitos lobos entre os trabalhadores, o trabalho tornou-se possível e o dinheiro é bem vindo para comprar tecidos e utensílios.Estou retornando para casa em minha forma de lobo quando os avisto: duas bolinhas de pelo pretas. Eles
Hiran Fury— Hiran! — Tory grita e corre na minha direção. — O que está sentindo?A voz de Tory soa como algo distante, mal consigo ouvir a sua voz. Eu vejo sangue, sinto um aperto em meu coração e flashes com a face sofrida de Killan toma a minha mente.Droga! O que está acontecendo?Ouço o choro das minhas filhas e volto ao presente. As duas estão em meus braços enquanto estou de joelhos, com meu corpo curvado como uma bola.— Hiran! Hiran! — Tory me chama. — O que está acontecendo? Me conta, Hiran... — Ela exige com preocupação no olhar.— Killan — sussurro, ainda sentindo uma dor atravessando a costela e me cortando por dentro. — Algo aconteceu a Killan. — Minha voz sai baixa, como se estivesse sem ar.Logo um grupo de pessoas está ao meu redor, tentando entender o que aconteceu. Tory e mais alguém tira as meninas dos meus braços, sou erguido com a ajuda de outros homens e guiado para dentro de casa.Os meninos estão brigando quando entro, mas param ao perceber meu estado.— Papai
Terra de LunaKillan FuryAs crianças estão brincando no quintal. Enquanto ajudo meu pai dar banho nos cavalos, estamos os observando. Riven, filho de Izys e Hiran, mas que cuido e tenho como meu filho, corre ao lado de Ravelle, filha mais velha do meu irmão Kael. A felicidade das crianças é contagiante e nos deixa contentes pela família que construímos.Tharen, meu pequeno de três anos de idade, corre na minha direção ao não conseguir acompanhar o irmão e a prima na brincadeira.— Papai... — Ergue seus bracinhos gordinhos, meio choroso por seu dama infantil. — Eu qué bincá!Pego-o em meu colo, passo a mão molhada em seu rostinho ruborizado, limpando as lágrimas e afastando os cabelos loirinhos, como os da mãe, de sua face.— Eu tenho uma ideia muito melhor, vamos brincar com o cavalinho? — Ao mencionar o animal, ele já se anima.— Vamu!Coloco o menino sobre o animal molhado. Meu pai joga uma balde de água sobre ele e o menino ri, pingando água.— De Novo! — pede e dessa vez, eu que
Hiran FuryA ansiedade cresce dentro de mim a cada dia que passa. Killan deve estar estável, pois eu teria sentido se ele estivesse pior. Pelo menos acredito que sim, na verdade eu me seguro a essa possibilidade para manter a esperança. Às vezes tudo o que eu queria era aquela esfera com o poder de Handall de me transportar para onde quisesse.— Já estamos chegando, meu amor — sinto os dedos macios da minha esposa em meu braço enquanto encaro as águas agitadas sob o céu que aos poucos clareia.Estou diante a janela redonda da cabine do navio há horas, nem sei há quanto tempo exatamente. Só sei que tudo o que fiz foi encarar as águas agitadas em torno do navio durante quase toda a noite.— Tente descansar um pouco, Hiran — ela torna a falar, sei que está preocupada comigo, mas minha mente não se desliga de Killan.— Eu não consigo — sussurro, meus olhos ainda fixos nas águas agitadas.— Tenha fé que vai dar tudo certo, Hiran — murmura, tentando me tranquilizar.Passo o braço em torno d
Hiran FuryMeu pai me acompanha até o nosso antigo quarto. Olho para ele e, quando acena, abro a porta e logo vejo meu irmão deitado sobre a cama. Seu corpo está enfaixado, os olhos fechados, a testa com pontos de suor e as bochechas coradas me mostram que ele esteve ou está com febre, o que não é um bom sinal.— O curandeiro fez o que pôde, agora temos que esperar seu corpo começar a se curar, mas está demorando mais do que o de costume — meu pai relata cautelosamente.Aproximo-me da cama de meu irmão. Seguro em sua mão, que está gelada. Sento-me ao seu lado, e imagens de uma vida inteira juntos invade a minha memória. Desde a infância sempre fomos unidos. Nas travessuras infantis; na descoberta de nossos poderes; ao ouvirmos uma bronca de nossos pais; ao treinarmos juntos; a salvar a nossa irmã das garras de Handall até quando tivemos que superar as dificuldades de viver em um mundo completamente diferente do nosso.A nossa união enfraqueceu e desmoronou com uma única desavença. Pel
Izys GhalagerQuando abro a porta do meu apartamento, acho tudo muito estranho. Geralmente é muito silencioso, pois meu noivo está no trabalho a essa hora, mas há um som vindo do quarto.O apartamento é pequeno, apenas um refúgio que meu noivo e eu achamos necessário para nos encontrarmos e ter algum momento juntos, porém com toda a minha rotina de trabalho e cuidados com minha minha mãe, idas e vindas a hospitais, poucas foram as vezes que desfrutamos da privacidade deste apartamento.Caminho cautelosamente até o quarto, o som está mais alto. Primeiro notei o som de uma música sensual, depois ouvi gritos, mas não de dor, eram gritos de prazer e isso fez meu estômago pesar, meu coração se apertar e fiquei estagnada na porta, tomando coragem para abrir.De certa forma eu já sabia o que estava acontecendo ali dentro, mas abrir e ver, tornaria aquilo tudo real demais. Porém, respiro fundo tomando coragem, e abro a porta.Albert leva um susto e a mulher cai de bunda no chão.— Izys... o qu
Killan FuryDepois que meu irmão e eu ficamos presos no mundo dos humanos, tivemos que aprender a viver como um deles. Aqui se você não trabalhar, não terá onde morar, o que vestir e o que comer. Então, tivemos que arrumar um emprego.Hiran e eu já estávamos acostumados a trabalhar para os bruxos, então não foi difícil arrumar um trabalho por aqui também. A única diferença ´que no mundo dos humanos existe uns pedaços de papel chamado de “documento”, coisas que meu irmão e eu não tínhamos, então precisamos inventar uma mentira.Dissemos aos empregadores que nossa casa e tudo o que havia nela foi destruído pelo ataque dos bruxos, e como havia muitas pessoas nessa situação, não foi difícil arrumar um trabalho informal, como dizem por aqui. Agora trabalhamos para uma empresa que presta serviço para condomínios, empresas, hospitais... quem precisar de nossos serviços.Dois anos depois, já estamos adaptados a vida por aqui. Já até conseguimos documentos falsos.Depois de um dia de trabalho