Hiran Fury
O frio úmido da cela me corrói até os ossos. O chão é de pedra bruta e a única luz que entra vem de uma única lâmpada presa do lado de fora. A fome me queima o estômago, mas pior que isso é a impotência.
Não sei quantas horas se passaram desde que nos capturaram, porém é como se já tivesse passado dias.
Eu falhei.
Nós falhamos.
E agora estamos impotentes e sem saída.
Lioren está encolhido no canto oposto, com os olhos semicerrados, o rosto manchado de hematomas. O sangue seco em sua têmpora é visível na pouca iluminação. Mas ele ainda está ali. Firme, quieto, respirando. Vivo.
— Os três prisioneiros que estavam aqui quando chegamos... eles os levaram não se sabe para onde — minha voz sai rouca, arranhada, como se engolisse poeira a cada palavra.
Lioren não responde de imediato. Ele ergue o olhar devagar, pesado.
— E nenhum voltou.
Silêncio. A única resposta é o som do gotejar constante em algum ponto do teto. Pingos, muitos deles. Estaria chovendo? Cada gota parece marcar o