Terra de LunaKillan FuryNão posso negar que no mundo humano há muitas facilidades que no meu mundo não tem, uma delas é o carro. Estamos em uma carruagem guiada por dois cavalos. Meu pai está na frente com o cocheiro e Enry. Na parte de trás estamos Hiran, dona Yolanda, Izys e eu. A pouca bagagem está no chão da carruagem disputando espaço com nossos pés.Conversamos um pouco durante a viagem. Izys fez algumas perguntas, e tentei responder com ajuda de Hiran. Mas eu sei que será um choque para ela viver em um mundo sem todas as coisas que ela está acostumada. Mas tudo o que puder fazer para ajudá-la a se ambientar, eu farei.A carruagem para e descemos. Estamos no limite da floresta para a nossa aldeia. Izys olha tudo com espanto, sei que lhe parece como a sua mãe descreveu: saído dos livros de história.Pego a sua bolsa e jogo sobre os ombros e seguro em sua mão.— Chegamos, quer conhecer a minha casa e minha família? — inquiro e ela olha brevemente para mim com um sorriso e logo d
Izys GhalagerQuando ouço da boca da mulher que o plano do bruxo havia dado certo, tudo o que passa pela minha cabeça é o que pode ter acontecido a Nanda e Layla? E os filhos delas? As duas eram boas amigas e tinham suas famílias. Eu me salvei, mas todos ficaram para trás. Elas morreram ou se tornaram escravas? Não sei se ficar viva e se tornar escrava de um bruxo maldoso pode ser melhor que estar morta.— Izys — ouço a voz preocupada de Killan, que me guia a uma cadeira, onde me sento e tento me equilibrar sobre o móvel.— Eu vou pegar um copo com água — Hiran diz e sai do cômodo.— Estou bem, foi só... — Estremeço apenas de pensar. — Só o impacto da notícia, do que significa para mim.— Você veio do mundo humano? — a mulher de olhos azuis inquire.— Sim — sussurro. Hiran me entrega um copo de cerâmica cheio de água fresca. Dou um gole. — Minas amigas e sua família... Elas morreram ou são escravas agora.Sinto uma mão sobre meu ombro e quando elevo o olhar, vejo a mãe dos meninos me
Hiran Fury Já se passaram mais de vinte anos desde que a profecia e maldição da antiga Rainha Alfa Vik, mais conhecida como a mãe maluca da Naiara, foi lançada sobre o bruxo supremo.Só havia escutado sobre isso uma vez e acho que, assim como eu, ninguém pensava que fosse se concretizar.— Pela deusa, Yan — minha mãe diz alarmada e vai na direção do meu pai, apoiando suas mãos pequenas em seus ombros largos. — Quando a deusa falou comigo, ela me mandou ficar com o rei e disse que o descendente de nosso filho salvaria o seu povo.O olhar de meu pai reflete o dela, e dessa história não me lembro. Meus pais contaram muitas coisas, mas este pequeno detalhe deixaram escapar.— Ela me disse que o futuro estava garantido, que não deveria me preocupar — Yan revela mais uma coisa de que nunca ouvimos falar.Os olhos dos dois voltam-se para o alta da escada. Enry está descendo as escadas com um sorriso que ilumina todo o seu rosto.— Vocês não vão acreditar, recebi o maior dos presentes ao ret
Terra SupremaHandallO orgulho me invade. Valeu a pena todo esse tempo.Caminho entre os escombros e o barulho do trabalho dos humanos ao meu redor me deixa maravilhado. Como não havia pensado nisso antes? Alguns percalços surgem para mostrar a nós um caminho mais vantajoso.— Senhor, ela está passando mal — ouço uma voz aguda em meus ouvidos, mas não me importo. Quando eu era escravo alguém se importava com as minhas súplicas? Não!— Deixe-a e volta a trabalhar — exijo ao observar a mulher com aspecto cansado, pele pálida e suja de terra e poeira.— O sol está muito forte, só precisamos de água, senhor! — pede outro e reviro os olhos. Povo fraco.Me abaixo, ficando de cócoras, e encaro o homem com a picareta em mãos. Ele está dentro de um buraco que estava sendo feito para a fundação do muro que quero construir.— Eu já fui escravo — revelo e ele espanta-se. — Sabe o que me diziam quando eu falava que estava quente, que estava com sede, que só queria um copo de água? — O homem balan
Izys Ghalager Tem uma semana que estou em Terra de Luna, é como aqueles filmes de fantasia em que o protagonista volta no tempo e precisa se adaptar com a falta de tecnologias. Não há carro, telefone, televisão... nada do que tínhamos em Terra de Eva. Mas não posso dizer que é ruim. É uma vida simples, mas muito agradável.Na aldeia do clã dos Fury, todos tem suas funções. Há os guardas, as cozinheiras, aqueles que cuidam da plantação e assim sucessivamente. Como um membro estranho na família, fiquei com a tarefa de ajudar Marry na casa. Minha mãe fez amizade com umas senhoras que produzem roupas, e ela deve estar com elas neste momento.Estou descascando batatas quando Naiara, a esposa de Enry, entra na cozinha e se senta à mesa.— Como está se sentindo, Naiara? — Marry inquire, enquanto limpa a ave que será preparada em breve.— Bem melhor, minha sogra. Aquele seu chá foi maravilhoso — agradece, pois ela acordou vomitando esta manhã. — Enry disse que é uma menina — comenta exultant
Killan FuryEnry estava tão feliz com a descoberta que seu bebê seria uma linda menininha que resolveu fazer um banquete para toda a aldeia. Saímos com ele para caçar e colher legumes e verduras.Em forma de lobo, corremos por toda a floresta e abatemos três cervos. Na plantação colhemos tudo o que precisaríamos e nos cercados de criação, pegamos algumas aves para complementar. Mas o serviço ainda não terminou, além de termos que limpar toda a caça, ainda precisaremos coletar lenha para a grande fogueira.Será uma noite de festa, muita comida, bebida e dança.Quando retornamos, completamente nus devido ao fato de termos caçado na forma de lobo, passamos primeiro no poço, nos lavamos e nos vestimos. Pelo menos Hiran e eu fizemos isso, pois minha mãe não fica nem um pouco feliz com a sujeira que fazemos, porém, meu pai e Enry mal se lembraram de vestir uma capa, e isso porque Izys e dona Yolanda estão na casa. Minha mãe diz que eles são dois sem vergonhas.Ao retornarmos, vejo Izys enca
Izys GhalagerNaquela noite em que levei Hiran para o meu apartamento e me entreguei a ele, achando que estava levando para dentro da minha casa e para a minha cama o homem que salvou a minha vida, achei que o beijo dele era o melhor que já havia provado em toda a minha vida, porém, só achei isso porque ainda não tinha beijado Killan.A firmeza de seus toques, a profundidade em que ele toma a minha boca e suga a minha língua, a intensidade da sua respiração que mistura com a minha... Tudo isso me deixa sem fôlego quando nos afastamos.— Me desculpe, Izys. Eu me descontrolei quando você disse aquilo — Ele parece culpado, mas não é esse sentimento que quero.— Killan, estou te dizendo que apesar de ter lutado com a decisão que já tinha tomado há muito tempo, eu não quero o seu irmão. Quero você! Não quero que se controle... Não quero que se sinta culpado — declaro e um brilho passa por seus olhos, sinto que algo nele muda.Killan me segura pelos ombros com um toque que consegue ser firm
Killan FuryQuando vim atrás de Izys, não tinha nenhuma intenção além de manter a segurança dela, mas agora me sinto feliz por ter seguido meus instintos de proteção, pois quando retornar para casa, retornarei com minha escolhida ao meu lado. O casamento é o próximo passo.Estou deitado no chão da floresta, da maneira que nós gostamos, contato direto com a natureza. A cabeça dela apoia-se em meu peito, adormecida. Acaricio seus cabelos finos e loiros. Fico olhando para o alto, para as folhas das árvores que se movem com o vento, e me preparo emocionalmente para quando chegar em casa.Não quero estragar a festa de Enry, pelo o que ele me contou, sua esposa demorou muito tempo para engravidar e finalmente a deusa lhes concedeu uma menina, e ele está muito orgulhoso e feliz. Mas quando chegar na aldeia com Izys ao meu lado e perceberem nossos cheiros entrelaçados... Não consigo imaginar a reação de Hiran.Meu irmão e eu sempre tivemos uma relação muito boa, sempre muito próximos, mas sen