19. A Cat
Alexandre
Os dias no hospital se arrastavam de forma torturante. Os remédios aliviavam a dor física, mas não havia remédio para a sensação de vazio que se alojava dentro de mim. Tentei ocupar minha mente com filmes, conversas casuais com as enfermeiras, até mesmo algumas leituras despretensiosas. Mas a verdade era que nada disso funcionava. Cada silêncio me fazia lembrar do que eu havia perdido.
Na quarta noite, enquanto tentava dormir, o som da porta do quarto se abrindo me despertou. Pensei que fosse mais uma enfermeira, mas quando levantei o olhar, meu coração parou por um instante.
Beatrice estava ali.
Ela hesitou na porta, como se não soubesse se deveria entrar ou não. Seus olhos encontraram os meus, e por um breve momento, vi algo que não via há tempos: culpa. Ou talvez fosse saudade. Eu queria acreditar que era saudade.
“Posso entrar?” A voz dela saiu baixa, quase hesitante.
Assenti lentamente, incapaz de formular uma resposta melhor. Ela fechou a porta atrás de si e caminhou a