E se após um mês casada por conveniência você se apaixona pelo seu amigo de infância e marido? Sou a Beatrice, professora e herdeira do colégio Starlight Institute, meu pai me obrigou a casar com Gabriel antes de morrer, no início tínhamos uma química, mas deu tudo errado quando o trai com meu amigo, Alexandre. Como será que esse trisal vai resolver suas questões?
Ler mais"Não acredito que o senhor vai me obrigar a casar com aquele cara sem graça!" eu disse ao meu pai, sentindo meu rosto arder de raiva, estava apertando as mãos como se estivesse preparada para dar um soco em alguém.
"É por um bem maior, veja bem, ele tem muitas qualidades e..." meu pai começou a justificar, mas não consegui segurar minha indignação e o interrompi.
"Qualidades? Como quais? Quer saber, pai? Esqueça, não tem nada nele que me interesse! Só farei isso pelo bem do colégio e da nossa família, mas deixo bem claro: vou me divorciar depois!"
Meu pai respirou fundo, mas não respondeu. Seu olhar parecia pesado, como se ele carregasse o peso do mundo nas costas. Talvez fosse exatamente isso, considerando o que estava em jogo, eu não sabia com o que ele estava lidando.
Com um suspiro frustrado, virei as costas e saí da sala da diretoria. Assim que abri a porta, percebi que não estávamos sozinhos. Alguns professores estavam no corredor, e era óbvio que tinham ouvido partes da conversa. Seus olhares eram mistos: curiosidade, julgamento e até uma pitada de pena.
"O que foi? Perderam alguma coisa lá dentro?" perguntei de forma afiada, incapaz de esconder meu mau humor.
Eles rapidamente desviaram os olhos e se afastaram, abrindo caminho para que eu passasse.
Caminhei pelo corredor com passos rápidos, quase atropelando um aluno que vinha distraído.
Meu pedido de desculpas saiu abafado. Não estava com paciência, então continuei sem olhar para trás. Assim que saí pela porta principal da escola, senti um alívio imediato ao respirar o ar fresco e o cheiro da chuva que estava por vir.
Peguei o celular e chamei um Uber. Enquanto esperava, pensei no absurdo de tudo aquilo. Um casamento arranjado em pleno século XXI! Como meu pai ainda achava que isso fazia sentido? Tudo para salvar a imagem do colégio e garantir que a família mantivesse sua reputação impecável. Era como se eu fosse apenas uma peça de xadrez em um jogo que ele jogava sozinho.
O carro chegou em poucos minutos. Assim que entrei, a primeira coisa que fiz foi mandar uma mensagem para Alexandre:
Eu: "Preciso desabafar. Está livre?"
Alexandre: "Sempre para você. Vem para cá."Eu sabia que ele estaria livre, eu já tinha colocado o endereço dele antes de perguntar. Alexandre Ross era meu refúgio. Mais do que um amigo, ele era meu porto seguro. Quando cheguei ao apartamento dele, ele já estava na porta, me esperando com aquele sorriso que parecia capaz de derreter até os problemas mais difíceis.
Ele tinha um corpo malhado, fruto da academia e um estilo de vida disciplinado. Seus olhos azuis brilhavam com um misto de curiosidade e preocupação, enquanto seus cachos escuros estavam arrumados de um jeito casual, mas incrivelmente atraente. Com a pele bronzeada e um ar confiante, Alexandre era a definição de "perfeito" para muitas pessoas. Para mim, porém, ele era apenas... Alex.
"Quer entrar ou quer ficar me admirando aqui fora?" ele brincou, rindo enquanto segurava a porta aberta.
"Não estou admirando nada," retruquei, revirando os olhos, mas senti meu rosto corar levemente. Passei por ele e entrei.
Assim que me sentei no sofá, desabei. "Meu pai quer que eu me case com um completo desconhecido! Quer dizer, conheço o cara, eu acho, é um daqueles caras da educação, mas ele é tão sem graça que nunca imaginei que isso pudesse sequer ser cogitado."
Alexandre sentou ao meu lado, me oferecendo uma xícara de chá que ele preparara. "Você sabe o motivo, né? Ele está tentando proteger a imagem da família e do colégio. Não que eu concorde, mas faz sentido na cabeça dele. E me diz afinal quem é o cara?"
"Sentido? Desde quando arruinar minha vida faz sentido?" perguntei, segurando a xícara com tanta força que temi quebrá-la. "É o Gabriel, Gabriel Larceda, dono da maior empresa de educação do país"
"Calma. Vamos pensar em uma solução, mas, cara esse Larceda é bem na fita, Trice" ele disse, colocando uma mão tranquilizadora no meu ombro. "Você disse que vai se divorciar, certo? Então, tecnicamente, você só precisa passar por isso por um tempo. Talvez dê para transformar isso em algo menos traumático."
Revirei os olhos. "Você fala como se fosse fácil. Eu nunca me imaginei casada. Muito menos com alguém que não amo."
"Então, por que você está cedendo?" ele perguntou, me encarando com intensidade.
Essa era a pergunta que eu vinha me fazendo desde que meu pai mencionou a ideia. Por que eu estava cedendo? Por que não lutava mais? Talvez, fosse o peso da responsabilidade. A ideia de decepcionar meu pai e comprometer a escola era algo que eu não sabia se poderia suportar.
"Eu não sei," murmurei, desviando o olhar.
Alexandre ficou em silêncio por um momento, e então falou suavemente: "Você sabe que sempre pode contar comigo, né? Não importa o que aconteça."
"Eu sei, Alex. E isso significa muito para mim."
O resto da tarde passou em um borrão. Falamos sobre tudo, menos sobre o casamento. Alexandre fez questão de me distrair, colocando um filme engraçado na TV e pedindo comida do meu restaurante favorito. Por algumas horas, consegui esquecer o caos que me aguardava.
Mas, no fundo, sabia que não poderia fugir para sempre. O casamento estava marcado, e a cada dia que passava, a realidade se tornava mais impossível de ignorar.
Ainda assim, havia uma chama de esperança. Talvez, de alguma forma, as coisas se resolvessem. E se não resolvessem... Bem, eu ainda tinha Alexandre ao meu lado. E isso já era mais do que suficiente para me dar forças para enfrentar o que viesse.
GabrielEu estava em meio ao caos da minha mala aberta sobre a cama, tentando decidir quais roupas levar para a viagem. A Grécia era um destino paradisíaco e eu queria que tudo fosse perfeito. Mas, mais do que isso, queria que essa viagem fosse especial para Beatrice. Algo dentro de mim dizia que esse seria um novo começo para nós dois. Uma nova lua de mel, onde ela teria olhos para mim. Finalmente.Meu celular vibrou sobre a mesa de cabeceira, trazendo-me de volta à realidade. Era uma mensagem de Beatrice:"Já posso ir para a sua casa? Não quero ficar sozinha essa noite."Sorri ao ler suas palavras. Saber que ela queria estar comigo me fazia sentir algo quente no peito. Respondi rapidamente:"Claro. Estou te esperando. Quer que eu busque você?""Não precisa. Já estou saindo."Passei a mão pelos cabelos, tentando dissipar a ansiedade que crescia dentro de mim. Eu não queria apenas passar a noite
AlexandreOs dias no hospital se arrastavam de forma torturante. Os remédios aliviavam a dor física, mas não havia remédio para a sensação de vazio que se alojava dentro de mim. Tentei ocupar minha mente com filmes, conversas casuais com as enfermeiras, até mesmo algumas leituras despretensiosas. Mas a verdade era que nada disso funcionava. Cada silêncio me fazia lembrar do que eu havia perdido.Na quarta noite, enquanto tentava dormir, o som da porta do quarto se abrindo me despertou. Pensei que fosse mais uma enfermeira, mas quando levantei o olhar, meu coração parou por um instante.Beatrice estava ali.Ela hesitou na porta, como se não soubesse se deveria entrar ou não. Seus olhos encontraram os meus, e por um breve momento, vi algo que não via há tempos: culpa. Ou talvez fosse saudade. Eu queria acreditar que era saudade.“Posso entrar?” A voz dela saiu baixa, quase hesitante.Assenti lentamente, incapaz de formular uma resposta melhor. Ela fechou a porta atrás de si e caminhou a
GabrielEu não sabia exatamente por que tinha convidado Beatrice para jantar. Talvez fosse culpa, talvez fosse saudade. Ou talvez eu apenas precisasse de respostas que estavam presas em algum lugar entre o passado e o presente. O que eu sabia era que, desde que ela começou a tentar me encontrar, meus pensamentos não me davam trégua.Cheguei ao restaurante mais cedo, escolhi uma mesa mais reservada e tentei me concentrar no menu, mas minha mente estava em outro lugar. Quando ela entrou, senti meu coração vacilar por um momento. O vestido azul-marinho se ajustava perfeitamente ao seu corpo, e seu cabelo solto lhe dava um ar natural e elegante. Era impossível ignorá-la."Você veio." Minha voz saiu quase como um alívio, mas também carregava um tom de surpresa."Claro que vim." Ela sorriu, sentando-se à minha frente. "Você me convidou, não?"Assenti e indiquei o cardápio, tentando disfarçar o desconforto que crescia em mim. Eu agia como se não tivesse casado ou conhecido essa mulher. Depoi
GabrielA música pulsava no ambiente, as luzes coloridas criavam sombras e reflexos ao redor da piscina e o riso das pessoas preenchia o espaço. Eu estava me esforçando para aproveitar a noite, mantendo uma conversa casual com alguns amigos, mas minha atenção continuava escapando para Beatrice.Desde o momento em que ela entrou, minha mente ficou em um maldito loop, absorvendo cada detalhe. O vestido vermelho colado ao corpo, a forma como seus olhos brilhavam ao rir de algo que Melissa dizia, a confiança na sua postura. Não era apenas sua aparência — era a energia que ela emanava. Era a mulher que um dia foi minha e agora parecia querer ser novamente.E eu não podia negar que algo dentro de mim reagia a isso.Vanessa, no entanto, percebeu. Seu humor mudou ao longo da noite, seu aperto no meu braço ficou mais forte e seus comentários passaram de sedutores par
BeatriceFazia dias que eu vinha arquitetando cada passo da minha estratégia. Se eu queria Gabriel de volta, precisava jogar com inteligência. Pensei em diversas formas de reconquistá-lo, até mesmo largar meu emprego para mostrar que estava disposta a mudanças, mas isso seria extremo demais.Foi quando vi Melissa caminhando pela escola, ela tinha que vir toda semana, mas nas outras eu estava muito para baixo para pensar em falar com ela sem desmoronar. Desde que Gabriel decidiu evitar a escola e qualquer encontro comigo ou com Alexandre, ela parecia ser a única ligação que eu ainda tinha com ele. E quem melhor para me ajudar do que a própria irmã dele?Depois de um café com ela, percebi que não era a única a querer Vanessa fora do caminho. Melissa tinha seus próprios motivos para detestá-la e juntas poderíamos fazer com que essa mulher entendesse que ela não pertencia àquele lugar.Apoiando o cotovelo na mesa e estreitando os olhos, Melissa girou o café na xícara antes de falar:"Então
AlexandreEra engraçado – ou talvez trágico – como tudo podia mudar tão rápido. Um dia, Beatrice estava nos meus braços, dividindo segredos, toques, noites de paixão. No outro, ela era uma sombra do que tinha sido comigo, fria e inalcançável.Eu a observava pelos corredores da escola, esperando qualquer resquício daquela mulher intensa, da mulher que fugia para os meus braços quando o mundo desmoronava ao redor dela. Mas não havia mais nada, nem mesmo amizade. Seus olhos, que um dia me procuraram cheios de necessidade, agora desviavam sem hesitação. Seu sorriso, que costumava se abrir para mim mesmo quando não havia motivo, estava ausente.Era como se eu fosse um estranho. Mais um dos professores medíocres que ocupavam os cargos daquela escola.Tentei falar com ela algumas vezes. Pequenas interações. Um "bom dia" que ficou sem resposta. Um "você t
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