83. A marca
Riuk
O sinal ecoa.
Eu já não sou mais homem. Sou lobo, puro instinto, puro fogo.
O cheiro dela está em todo lugar, lavanda, medo, desejo, vida. Corro.
A floresta é um borrão verde. Pulo troncos, rasgo folhas, o chão treme sob minhas patas.
Mas então sinto. Três cheiros masculinos. Perto demais dela.
Minha visão fica vermelha.
Chego na clareira pequena e os vejo: três lobos cinzentos cercando a minha Rubi. Ela está de pé, pelo eriçado, rosnando, mas cercada.
Um deles avança.
Eu chego como trovão.
Pulo em cima do primeiro, dentes na nuca, quebro o pescoço antes que ele toque o chão. O segundo tenta fugir. Eu agarro a pata traseira, puxo, rasgo tendão. Ele uiva. Eu silencio com uma mordida na garganta.
O terceiro tenta atacar pelas costas. Rubi salta, crava os dentes no ombro dele, me dá a abertura. Eu termino o serviço.
Três corpos no chão. Nenhum respira.
Ela me olha, ofegante, olhos dourados arregalados. O medo some no segundo que me reconhece.
"A gente não devia matar..." ela fala, c