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Rubi
Hoje é o nosso aniversário de casamento.
A casa está arrumada, a mesa posta, o jantar pronto. Eu passo pela sala pela décima vez, ajustando detalhes como se isso pudesse consertar um casamento que já nasceu torto.
Eron nunca aceitou a imposição do Alfa Supremo para a nossa união, mesmo que ela tenha sido destinada pela Deusa da Lua.
Meu amor por ele sempre foi tão forte, que não me importei com sua rejeição inicial, sempre aceitei tudo que ele podia me dar, mas com o tempo... ele se afastou ainda mais.
Mas hoje eu ia mudar isso. Eu mostraria para ele que ou ele ficava comigo, ou ficava. Eu ia dar um jeito de consumar nossa união.
"Precisa de mais alguma coisa..." olho para tudo, e para a lingerie sensual que estou usando. "Claro, as velas."
Corro para o escritório do Eron, onde elas ficam guardadas e reviro todos os armários até que encontro algo, no fundo da gaveta:
Uma caixinha de joias.
Meu coração dispara.
Abro devagar, como se o ar pudesse estragar a surpresa.
Ele lembrou.
"Ah Eron... talvez... talvez exista salvação para nós."
Fecho a caixa rápido, mas a abraço no peito, quase com vergonha de sorrir sozinha. Volto para a sala mais leve, arrumo tudo com cuidado renovado, imaginando ele chegando, me abraçando por trás, dizendo que sente muito por todos os nossos tropeços.
"Vamos ter a vida que sempre sonhei para nós."
Mas, as horas passam... se arrastam.
21h.
Meia-noite.
Eron não chega.
A alegria que eu sentia se esvai com os minutos. Me levanto irada com a falta de consideração dele, discando novamente para seu número, esperando que ele finalmente atenda, mas novamente ele ignora.
"MERDA ERON, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?"
Humilhada e cansada, me arrasto para o quarto quando sinto meu celular vibrar na mão, e acredito que finalmente ele me respondeu.
"Número desconhecido? Quem me mandaria uma foto a essa hora?" Abro curiosa esperando que seja algum erro... mas não é.
É Eron.
São tantas fotos que eu não consigo parar de olhar.
Meu estômago vira.
"Que porra é essa?" me debulho em lágrimas sem acreditar que ele pode ter feito isso comigo
A porta da frente destrava.
Eron entra como se não tivesse sumido o dia inteiro, como se hoje fosse só mais um dia qualquer. Como se não tivesse me traído com uma mulher qualquer na rua.
“Boa noite”, diz, tirando o casaco, sem me encarar.
“Boa noite?” Minha voz sai baixa, afiada. “Onde você estava, Eron?”
Ele franze o cenho, cansado. “Em uma reunião. Demorou para os anciões resolverem o que eles queriam para a alcateia e...”
Jogo o celular na mesa. As fotos aparecem na tela.
"Para de mentir, seu filho da puta." seus olhos se estreitam na minha direção.
Ele se aproxima e olha para o celular, o pegando.
“Que porcaria é essa?”
“Isso é o que eu quero saber. Como você pode ser tão baixo!” Meu peito arde. “Você me traiu, Eron! Você me traiu. Mentiu pra mim esse tempo todo.”
Ele ri. Ele ri.
“Rubi… você enlouqueceu? Eu nunca faria isso. Nem com você, nem com a sua família. Isso é claramente uma montagem. Não seja tola.” ele descarta o celular, como se aquilo fosse apenas uma brincadeira de mal gosto.
“Então por que você nunca me toca?” Minha voz estoura antes que eu consiga segurar. “Por que nunca tentou fazer esse casamento funcionar? Você é meu destinado, Eron! Isso devia significar alguma coisa.”
“Deveria, mas você sabe que não significa.” Ele esfrega o rosto, impaciente. “Eu disse desde o primeiro dia que não queria essa união. Você que não quis ouvir. Foi um acordo. Um dever. Nunca foi amor.”
Suas palavras esmagam meu coração.
“Nunca foi amor pra você...”, solto. “Mas você nunca pensou em mim? Não pensou no que eu sentiria quando visse essas fotos?” ele me avalia.
“Rubi…” suspira. “Você é boa. Gentil. Mas você não tem um lobo. Não tem futuro como minha Luna. Você é… um enfeite. Uma exigência da Deusa. Nada mais.”
Eu sinto minhas pernas falharem, mas fico de pé.
“Seu grande babaca! Eu quero o divórcio!”
Ele sorri, frio. Um sorriso que conheço desde pequena e que agora entendo o que significa.
“No dia que nos unimos eu te avisei que isso só acabaria quando eu quisesse. E agora você só sai desse casamento quando eu me tornar Alfa Supremo.”
As palavras dele descem como gelo.
Vou para o quarto.
Só então a pulseira na gaveta faz sentido.
Nunca foi para mim.
Nunca seria.







