Mundo de ficçãoIniciar sessãoRubi
Passei o resto da noite em claro, com o rosto enterrado no travesseiro e a mente em guerra.
"Você é um enfeite."
Por um tempo, acreditei que o amor podia curar tudo. Que, se eu me esforçasse o suficiente, ele acabaria me vendo.
Quando o relógio marcou três horas da manhã, eu percebi que não havia mais nada a salvar.
A mulher na foto também era loira, então qual era o problema? O que ela tem que eu não tenho?
Bufei, tentando conter as lágrimas que insistiam em escapar.
Peguei o celular sem pensar.
Laura:
"Feliz aniversário de casamento, minha amiga! Espero que você esteja celebrando e feliz. Vocês merecem o mundo. Sinto saudades, te amo."
Meus olhos marejaram. Laura era minha melhor amiga da faculdade.
Ela sempre soube da minha paixonite por Eron e, mesmo quando eu estava longe, estudando pra ser arquiteta, nunca consegui esquecer o sentimento louco que sentia por ele.
Respondi antes de pensar:
"Não tem nada pra comemorar, amiga. Eu pedi o divórcio. Não aguento mais. Eron não era nada do que eu esperava."
A mensagem seguinte veio quase instantânea. E me assustei por perceber que ela ainda estava acordada.
"O quê? Rubi! Você tá bem? Onde você está agora?"
Suspirei.
"Ele me traiu amiga, justo hoje, no nosso aniversário de casamento. Ele... eu não sei o que sentir. Só sei que preciso ir pra longe. Preciso respirar, recomeçar. Nem que seja por um tempo."
Ela mandou um emoji triste e, logo em seguida, escreveu:
"Então vem pra cá! Vem pra Austrália! A empresa onde eu trabalho está contratando. Se quiser, eu te ajudo a se inscrever. Se eu te indicar, tenho certeza que a gerente vai olhar com bons olhos o seu currículo. Fica comigo até se ajeitar."
Eu li e reli aquelas palavras, o coração disparando.
"Você acha mesmo que eu consigo?"
"Claro que sim! Você é incrível, Rubi. E criativa pra caramba. Vou te mandar o site da vaga agora."
Poucos segundos se passaram e assim que ela mandou eu cliquei no link.
Era uma empresa de arquitetura moderna, de design ousado e limpo.
Abri meu laptop e atualizei meu currículo, simples, mas honesto.
Quando terminei, enviei o e-mail com o coração acelerado.
Olhei ao redor da casa, aquela prisão dourada que um dia chamei de lar.
A passos leves sai do quarto, carregando a mala e fui direto para o escritório de Eron.
A mesma mesa onde encontrei a pulseira.
Abri a gaveta e puxei a pasta de documentos da nossa união.
Por ironia, ele sempre dizia que iria assinar, mas agora...
Meu nome ficou firme, sem tremor.
Eu acabava de deixar de ser a senhora Peyton.
Respirei fundo, coloquei o documento sobre a mesa.
A pulseira ainda estava lá, brilhando fria.
Fechei a gaveta e saí, sem olhar pra trás.
Quando cruzei o portão da casa, o vento da madrugada bateu no meu rosto como uma promessa silenciosa.
Eu não sabia o que me esperava do outro lado do oceano.
Eu estava livre.







