Mundo de ficçãoIniciar sessãoO elevador subia devagar demais — ou talvez fosse apenas a adrenalina que fazia o tempo parecer mais lento do que realmente era. Elara respirou fundo, tentando controlar o nervosismo que se acumulava em seu peito. Não sabia se estava pronta para essa conversa com Kael. Depois do que aconteceu naquele corredor… depois da forma como ele a puxou para perto, como se ela fosse algo que ele tinha o direito de tocar, de reivindicar… nada parecia mais simples.
Quando as portas se abriram, Kael estava lá. Encostado na parede de vidro, braços cruzados, expressão contida — mas o olhar… o olhar ardia como se ainda sentisse o toque dela. — Você veio. — A voz dele era grave, sem emoção aparente, mas carregada de significado. — Você mandou me chamar — ela respondeu tentando manter a compostura. Kael avançou um passo. Não o suficiente para tocá-la, mas perto o bastante para dominar o espaço. — Tem muitas coisas que poderíamos discutir agora, Elara — ele disse lentamente — mas vou ser direto. Ela esperou, o coração batendo tão forte que parecia ecoar no silêncio. — Quero saber até que ponto Leon Hale importa. Elara piscou, atônita. — Isso não é assunto profissional. — Não — ele concordou, e ainda assim o olhar dele não suavizou — mas afeta sua estabilidade aqui. Afeta decisões. Afeta... escolhas. Ela engoliu seco. Kael aproximou-se mais, e agora sua voz tinha algo quase perigoso: — Eu não gosto de distrações. Era quase um aviso. Quase um território marcado. — Eu não sou propriedade de ninguém — ela rebateu, firme, surpreendendo a si mesma tanto quanto a ele. Os olhos dourados de Kael se estreitaram… e um sorriso sutil — muito breve — surgiu em seus lábios. — Bom. Eu não teria interesse se você fosse alguém fácil de dobrar. Elara desviou o olhar. A tensão entre eles era tanta que respirar parecia um esforço. — E quanto ao que aconteceu hoje? — ela perguntou finalmente. — Foi só impulso? Ego? Controle? Kael se manteve em silêncio por alguns segundos longos. Então respondeu, sem hesitação: — Foi inevitável. Essas duas palavras fizeram algo dentro dela vacilar. Ela deveria ter recuado, dito algo lógico, profissional. Mas sua mente estava embaralhada demais. — Isso não pode acontecer de novo — ela tentou reforçar. — Não? — ele questionou em voz baixa — ou não deveria? Ela não respondeu. Não confiava na própria voz. Kael deu um passo atrás, como se estivesse lhe dando espaço — ou testando uma linha invisível. — Seu projeto será revisado amanhã — disse ele, agora em tom executivo novamente. — E quero você na reunião com a diretoria. O choque fez Elara erguer o olhar. — Mas eu ainda sou nova aqui — ela protestou. — Eu decido quem está pronta. — Kael respondeu. — E você está. Antes que ela pudesse reagir, a porta atrás deles se abriu. Leon. Ele parou ao ver a cena: Kael perto demais, Elara tensa, o clima impossível de ignorar. — Tudo bem aqui? — Leon perguntou, o olhar alternando entre os dois. Kael respondeu antes dela: — Estávamos apenas finalizando algo pendente. Leon estreitou o olhar, claramente duvidando. — Elara, preciso falar com você — ele disse, ignorando Kael. Kael não se moveu — mas o ar ao redor dele ficou mais frio. — Ela está ocupada — Kael declarou. Leon riu — mas não havia humor ali. — Com todo respeito, Kael, você não controla o tempo de todo mundo. Kael não respondeu. O silêncio era mais ameaçador do que qualquer frase. Elara deu um passo, quebrando a tensão. — Eu posso ir, é rápido. Kael finalmente desviou o olhar dela… mas a mensagem era clara: Isso não terminou. Leon caminhou ao lado dela até um dos lounges do andar inferior. — Ele está ultrapassando limites — Leon disse quando finalmente ficaram a sós. — Eu sei — Elara respondeu, cansada. — Mas eu estou tentando lidar com isso. Leon respirou fundo. — Eu vou ser direto, Elara: ele está interessado em você. Não é sobre trabalho. Não é sobre avaliação. É pessoal. E quando alguém como Kael Draven quer algo… ele não recua. Elara desviou o olhar, inquieta. — E você? — ela perguntou baixinho. — Você também não recua. Leon sorriu, um sorriso quase triste. — A diferença é que eu respeito escolhas. Aquilo acertou algo dentro dela. — Leon… eu não sei o que estou sentindo. Tudo aconteceu muito rápido. Ele assentiu. — Eu não vou pedir pra você escolher agora — disse suavemente. — Mas quero que saiba: eu estou aqui. E não tenho medo dele. A sinceridade na voz dele fez algo dentro dela se partir — porque era exatamente o que ela não queria: dois homens em rota de colisão por causa dela. Antes que ela pudesse responder, o celular vibrou em sua mão. Uma mensagem. De Kael. > Reunião adiantada. Sala 19. Agora. Leon viu a expressão dela mudar. — Foi ele, não foi? Ela assentiu. Leon respirou fundo… como alguém prestes a entrar numa guerra. — Então vai — ele disse. — Mas cuidado, Elara. Ela hesitou. — Por quê? Ele segurou o olhar dela e respondeu: — Porque você está começando a mexer com dois homens que não sabem perder — e um deles nunca precisou disputar nada na vida. Quando ela entrou na sala 19, Kael estava à mesa, papeladas organizadas, expressão impecável. Mas os olhos… os olhos diziam outra coisa. — Perdi você para Hale por cinco minutos — ele disse sem olhar para cima. — Não fique confortável com isso. — Kael — ela suspirou — por favor, não transforme isso em uma competição. Ele ergueu o olhar devagar. — Já é. E naquele instante Elara percebeu: Não havia mais retorno. O jogo tinha começado. E ela era o centro do conflito. Entre desejo, poder e escolhas — alguém sairia ferido. Talvez mais de um. Talvez… ela. O elevador para com um aviso suave, mas o ar entre nós continua tenso, quase elétrico. As portas se abrem lentamente e Kael segura meu pulso antes que eu dê o primeiro passo. — Não fuja de mim, Elara — sua voz é baixa, firme, íntima demais para um corredor vazio. Meu coração b**e forte, traindo qualquer tentativa de indiferença. — Não estou fugindo — minto, sabendo que ele percebe. Seu olhar desce para minha boca por um segundo que parece uma eternidade. — Está. Mas não por muito tempo. Ele solta meu pulso como se estivesse me concedendo liberdade — quando na verdade, prendeu algo muito mais profundo. Eu. A ele.






