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Capítulo 6 — Linhas Que Não Deveriam Ser Cruzadas

O elevador subia devagar demais — ou talvez fosse apenas a adrenalina que fazia o tempo parecer mais lento do que realmente era. Elara respirou fundo, tentando controlar o nervosismo que se acumulava em seu peito. Não sabia se estava pronta para essa conversa com Kael. Depois do que aconteceu naquele corredor… depois da forma como ele a puxou para perto, como se ela fosse algo que ele tinha o direito de tocar, de reivindicar… nada parecia mais simples.

Quando as portas se abriram, Kael estava lá.

Encostado na parede de vidro, braços cruzados, expressão contida — mas o olhar… o olhar ardia como se ainda sentisse o toque dela.

— Você veio. — A voz dele era grave, sem emoção aparente, mas carregada de significado.

— Você mandou me chamar — ela respondeu tentando manter a compostura.

Kael avançou um passo. Não o suficiente para tocá-la, mas perto o bastante para dominar o espaço.

— Tem muitas coisas que poderíamos discutir agora, Elara — ele disse lentamente — mas vou ser direto.

Ela esperou, o coração batendo tão forte que parecia ecoar no silêncio.

— Quero saber até que ponto Leon Hale importa.

Elara piscou, atônita.

— Isso não é assunto profissional.

— Não — ele concordou, e ainda assim o olhar dele não suavizou — mas afeta sua estabilidade aqui. Afeta decisões. Afeta... escolhas.

Ela engoliu seco.

Kael aproximou-se mais, e agora sua voz tinha algo quase perigoso:

— Eu não gosto de distrações.

Era quase um aviso. Quase um território marcado.

— Eu não sou propriedade de ninguém — ela rebateu, firme, surpreendendo a si mesma tanto quanto a ele.

Os olhos dourados de Kael se estreitaram… e um sorriso sutil — muito breve — surgiu em seus lábios.

— Bom. Eu não teria interesse se você fosse alguém fácil de dobrar.

Elara desviou o olhar. A tensão entre eles era tanta que respirar parecia um esforço.

— E quanto ao que aconteceu hoje? — ela perguntou finalmente. — Foi só impulso? Ego? Controle?

Kael se manteve em silêncio por alguns segundos longos.

Então respondeu, sem hesitação:

— Foi inevitável.

Essas duas palavras fizeram algo dentro dela vacilar. Ela deveria ter recuado, dito algo lógico, profissional. Mas sua mente estava embaralhada demais.

— Isso não pode acontecer de novo — ela tentou reforçar.

— Não? — ele questionou em voz baixa — ou não deveria?

Ela não respondeu. Não confiava na própria voz.

Kael deu um passo atrás, como se estivesse lhe dando espaço — ou testando uma linha invisível.

— Seu projeto será revisado amanhã — disse ele, agora em tom executivo novamente. — E quero você na reunião com a diretoria.

O choque fez Elara erguer o olhar.

— Mas eu ainda sou nova aqui — ela protestou.

— Eu decido quem está pronta. — Kael respondeu. — E você está.

Antes que ela pudesse reagir, a porta atrás deles se abriu.

Leon.

Ele parou ao ver a cena: Kael perto demais, Elara tensa, o clima impossível de ignorar.

— Tudo bem aqui? — Leon perguntou, o olhar alternando entre os dois.

Kael respondeu antes dela:

— Estávamos apenas finalizando algo pendente.

Leon estreitou o olhar, claramente duvidando.

— Elara, preciso falar com você — ele disse, ignorando Kael.

Kael não se moveu — mas o ar ao redor dele ficou mais frio.

— Ela está ocupada — Kael declarou.

Leon riu — mas não havia humor ali.

— Com todo respeito, Kael, você não controla o tempo de todo mundo.

Kael não respondeu. O silêncio era mais ameaçador do que qualquer frase.

Elara deu um passo, quebrando a tensão.

— Eu posso ir, é rápido.

Kael finalmente desviou o olhar dela… mas a mensagem era clara:

Isso não terminou.

Leon caminhou ao lado dela até um dos lounges do andar inferior.

— Ele está ultrapassando limites — Leon disse quando finalmente ficaram a sós.

— Eu sei — Elara respondeu, cansada. — Mas eu estou tentando lidar com isso.

Leon respirou fundo.

— Eu vou ser direto, Elara: ele está interessado em você. Não é sobre trabalho. Não é sobre avaliação. É pessoal. E quando alguém como Kael Draven quer algo… ele não recua.

Elara desviou o olhar, inquieta.

— E você? — ela perguntou baixinho. — Você também não recua.

Leon sorriu, um sorriso quase triste.

— A diferença é que eu respeito escolhas.

Aquilo acertou algo dentro dela.

— Leon… eu não sei o que estou sentindo. Tudo aconteceu muito rápido.

Ele assentiu.

— Eu não vou pedir pra você escolher agora — disse suavemente. — Mas quero que saiba: eu estou aqui. E não tenho medo dele.

A sinceridade na voz dele fez algo dentro dela se partir — porque era exatamente o que ela não queria: dois homens em rota de colisão por causa dela.

Antes que ela pudesse responder, o celular vibrou em sua mão.

Uma mensagem.

De Kael.

> Reunião adiantada. Sala 19. Agora.

Leon viu a expressão dela mudar.

— Foi ele, não foi?

Ela assentiu.

Leon respirou fundo… como alguém prestes a entrar numa guerra.

— Então vai — ele disse. — Mas cuidado, Elara.

Ela hesitou.

— Por quê?

Ele segurou o olhar dela e respondeu:

— Porque você está começando a mexer com dois homens que não sabem perder — e um deles nunca precisou disputar nada na vida.

Quando ela entrou na sala 19, Kael estava à mesa, papeladas organizadas, expressão impecável. Mas os olhos… os olhos diziam outra coisa.

— Perdi você para Hale por cinco minutos — ele disse sem olhar para cima. — Não fique confortável com isso.

— Kael — ela suspirou — por favor, não transforme isso em uma competição.

Ele ergueu o olhar devagar.

— Já é.

E naquele instante Elara percebeu:

Não havia mais retorno.

O jogo tinha começado.

E ela era o centro do conflito.

Entre desejo, poder e escolhas — alguém sairia ferido.

Talvez mais de um.

Talvez… ela.

O elevador para com um aviso suave, mas o ar entre nós continua tenso, quase elétrico. As portas se abrem lentamente e Kael segura meu pulso antes que eu dê o primeiro passo.

— Não fuja de mim, Elara — sua voz é baixa, firme, íntima demais para um corredor vazio.

Meu coração b**e forte, traindo qualquer tentativa de indiferença.

— Não estou fugindo — minto, sabendo que ele percebe.

Seu olhar desce para minha boca por um segundo que parece uma eternidade.

— Está. Mas não por muito tempo.

Ele solta meu pulso como se estivesse me concedendo liberdade — quando na verdade, prendeu algo muito mais profundo.

Eu.

A ele.

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