O resto do dia passou como um borrão.
Eu trabalhei. Assinei documentos. Respondi e-mails. Assisti reuniões. Sorri para pessoas que não se lembraria cinco minutos depois.
Por fora, normal.
Por dentro?
Uma tormenta.
O convite — ou imposição — de Kael ecoava na minha mente o tempo inteiro:
> "Hoje à noite. Minha cobertura. Sem desculpas."
E, paralelamente, a voz mais moderada, porém infinitamente mais intensa de Leon:
> "Quando escolher... que seja porque sentiu."
Era irônico.
Por tanto tempo, eu fui invisível para o mundo. Discreta. Não-problema. Uma escolha simples — até mesmo previsível.
Agora?
Eu era o centro de uma guerra silenciosa.
Uma guerra que ninguém ousava nomear, mas que todos conseguiam sentir.
À tarde, enquanto revisava relatórios na sala de vidro, percebi movimentos estranhos. Sussurros entre estagiárias. Olhares prolongados de pessoas que normalmente nem respiravam na minha direção.
Eu sabia o motivo.
O elevador do oitavo andar tinha câmeras.
E a tensão da manhã já estav