A noite avançava preguiçosa, espalhando sua calma sobre a casa dos Carter. O jantar terminou há pouco, deixando para trás uma trilha de louça suja, panquecas vazias e risos ecoando nos cantos das paredes. Ainda havia vozes dentro da casa, David reclamando de Tiago, Zoe e Tânia rindo alto de alguma piada infame, e Helen murmurando um “não acredito que vocês contaram aquilo” pela terceira vez.
April escapou de fininho.
Descalça, com o vestido floral ainda levemente perfumado da tarde, ela empurrou a porta de vidro que dava para o jardim. A grama estava fria sob seus pés. A noite estava fresca, a lua cheia pendurada no céu como uma promessa silenciosa. O cheiro de jasmim se misturava ao da madeira molhada da pérgola, iluminada por pequenas luzes amarelas que serpenteavam pelo caramanchão.