Dois sons aos ouvidos. Um era de Patrícia, o outro de Ademir. “Já chegaram? O dia amanheceu?”Karina franziu a testa, abriu os olhos cansada, o sono ainda não havia se dissipado, e sua consciência estava confusa quando disse, com dificuldade: — Patrícia, você chegou, por que não acendeu a luz? Acenda a luz, está muito escuro, não dá para ver nada. Ao ouvir isso, Ademir e Patrícia ficaram surpresos. Patrícia levantou os olhos e olhou para Ademir, espantada, sem saber o que dizer. O que estava acontecendo com Karina? A luz não estava acesa? Além disso, a luz da neve lá fora iluminava tudo, estava tão claro. E ela estava dizendo que estava escuro... E Ademir estava ainda mais assustado, seu semblante mudou, mas ele se esforçou para manter a calma e se abaixou na frente de Karina. Levantou a mão e agitou diante dos olhos dela: — Karina? O que aconteceu com ela? Não pode estar assustando Ademir assim. Karina inicialmente achou que estava tudo escuro à sua frente e se
Karina, raramente, não retrucou.Ela parecia um pouco frustrada:— Eu sei que está errado, mas não consigo controlar. Eu tenho medo...Medo de que algo aconteça com o Catarino. Até a menor das cirurgias tem seus riscos!Se realmente acontecer algo, e o Catarino se machucar, ela nunca vai se perdoar por isso, por toda a vida!À medida que falava, seus olhos se encheram de lágrimas.Ademir sentiu uma dor imensa no coração por ela.Ele se conteve, mas não conseguiu evitar. Se curvou e a abraçou fortemente.— Não tenha medo, a responsável pela cirurgia não é a colega do Dr. Felipe, uma médica famosa da cirurgia hepática e biliar?— Sim. — Karina, do ponto de vista técnico, confiava totalmente.Mas, do ponto de vista de uma irmã, ela não conseguia ser completamente racional.— Veja bem, o hospital tem tecnologia, nós temos dinheiro. — Ademir tentou acalmá-la, brincando um pouco. — O que mais teríamos que temer?Finalmente, Karina sorriu.— Fico feliz em ver você sorrindo, não fique tão tens
Na sala de hemoterapia, o médico entrou com a bandeja de tratamento para coletar o sangue. A tipagem já tinha sido feita de urgência, e os resultados eram compatíveis.Ademir arregaçou a manga e deixou que o médico escolhesse a veia, passando o desinfetante.— Sr. Ademir, Sra. Barbosa, qual a quantidade de sangue que pretendem retirar?— Quanto é geralmente retirado?O médico olhou rapidamente para Karina:— Pergunte à Sra. Barbosa, ela é quem mais entende disso.— Karina?Karina mordeu levemente os lábios e explicou:— Teoricamente, é entre 200 e 400 mililitros, mas geralmente retiramos 200 mililitros. A não ser que a pessoa tenha uma saúde excepcional.— Entendi. — Ademir não deu muita importância ao assunto e fez o pedido ao médico. — Então, retire 400 mililitros.— Isso... — O médico hesitou. — Sr. Ademir, geralmente aceitamos retirar 400 mililitros de pessoas com um peso mais elevado ou com saúde excepcional.Karina pensou o mesmo e comentou:— 400 mililitros é demais.— Não é de
— Não pense bobagem, Sr. Ademir não disse nada errado. Salvar vidas não tem certo ou errado. — Patrícia a consolou. — Catarino vai ficar bem. Ele tem uma irmã que o ama, ele vai superar isso.— Eu espero que sim. Uma hora depois, a porta da sala de cirurgia se abriu novamente. Era a mesma enfermeira de antes.— Dra. Costa.— E então? — Karina sentia seu coração bater forte, quase saindo do peito.— A artéria principal já foi suturada. Pode ficar tranquila. — O tom da enfermeira parecia bem mais leve do que antes. — A cirurgia de Catarino foi concluída, ele está saindo agora. Ao ouvir essas palavras, Karina finalmente relaxou. A tensão que a dominava foi, enfim, aliviada.— Muito obrigada, por ter vindo pessoalmente. — Não há de quê, somos do mesmo hospital. Na verdade, a enfermeira não tinha obrigação de vir até ali apenas para confortar os familiares. Isso só aconteceu porque Karina era funcionária do hospital. Não teve nada a ver com a posição de Ademir.— Dra. Costa, vou deixar
— Sim. — Karina baixou a cabeça e respondeu suavemente.Ademir sorriu.Karina, que era tão gentil, parecia, no entanto, querer se mostrar indiferente. Era assim com ele, e também com Lucas.No entanto, ele não concordava com esse comportamento.— No hospital, há médicos e enfermeiras. Você não pode ajudar aqui, volte para descansar, seja obediente.Karina hesitou por um momento, pensou em algo e perguntou:— Você vai ficar no hospital, não vai?— Vou. — Ademir balançou a cabeça, confirmando.Lucas e o filho de Catarino iam passar pela cirurgia ao mesmo tempo, por isso, ao planejar a agenda, aquele dia foi reservado exclusivamente para isso.— Ah, como eu pude esquecer... — Karina murmurou, percebendo que, devido à Vitória, ele também ficaria no hospital para acompanhar os resultados da cirurgia de Lucas.— Karina. — Ademir franziu a testa, já imaginando que Karina poderia estar pensando mais do que deveria.— Então, vou embora. — Karina também estava realmente cansada, e além disso, a
Era principalmente por causa da cirurgia de Lucas, e também pelas palavras de Ademir. Ela simplesmente não conseguia dormir. Então, decidiu se levantar. Com base na sua experiência, achava que já estava na hora, então trocou de roupa e saiu, indo em direção ao Hospital J. Como ela havia previsto, quando chegou lá, a cirurgia de Lucas já tinha sido concluída. Na porta da sala de cirurgia, o médico responsável estava conversando com os familiares. Eunice e Ademir estavam lá, e Vitória também havia chegado, sentada em uma cadeira de rodas, com um cobertor sobre os ombros. — A cirurgia foi bem-sucedida, o paciente já foi transferido para o quarto, mas os próximos dias são os mais importantes. Precisamos observar a recuperação e verificar se haverá alguma reação adversa. — Obrigada, doutor! O senhor trabalhou muito! Eunice e Vitória apertaram as mãos do médico, com os olhos vermelhos de tanto agradecer. — Não foi nada, é o meu trabalho. — Então, nos vemos daqui a pouco
A recuperação do corpo de Catarino foi rápida; naquela mesma noite, ele já estava acordado. No dia seguinte, quando Karina foi vê-lo, ela o encontrou do outro lado de uma parede de vidro, acenando para a irmã.Catarino gesticulou com os lábios para chamar:— Irmã.Karina sorriu feliz e respondeu ao irmão:— Catarino, você é incrível! Já era maravilhoso poder doar o fígado, e o fato de ele ter saído bem da cirurgia era realmente impressionante.O jovem, envergonhado, corou discretamente.Quando chegou ao meio-dia, Catarino já havia sido observado durante o dia todo.Com a permissão dos médicos, ele foi transferido de volta para o quarto VIP.Depois que tudo foi arrumado, finalmente, os irmãos puderam ficar cara a cara.Karina segurou a mão do irmão e acariciou seu rosto:— Catarino, descanse tranquilo. Se precisar de algo, me avise. Eu vou ficar aqui com você no hospital por esses dias.— Sério? Que bom! — Os olhos do jovem brilharam instantaneamente, ele estava radiante de felicidade
Karina ficou sem palavras. Ela não temia que o galã ficasse bravo, mas sim que ele ficasse bêbado! — O que você precisa de mim? — Karina, hesitante, acabou cedendo. — Karina. — O homem a chamou pelo nome e, de repente, se inclinou para ela, dobrando a parte superior do corpo e se apoiando sobre ela. — Não se mexa. O queixo de Ademir ficou apoiado no ombro de Karina, e o rosto dele se enterrou no pescoço dela, se esfregando levemente. A barba de Ademir fez Karina sentir um pouco de coceira. Ademir disse: — Eu não vou deixar você cair... Enquanto falava, seu braço a segurava com firmeza nas costas e na cintura. — Eu só... Quero que você me abrace, me abrace. Não me afaste, não me mande embora, tudo bem? Karina ficou em silêncio. Ela poderia dizer não? De repente, Ademir se afastou de Karina, se inclinando para a frente e colocando a mão sobre o estômago. Karina ficou parada, sem saber o que fazer, e perguntou: — Seu estômago está doendo de novo? — Sim. — Ele