POV Kali
Eu fiquei no corredor. O coração apertado, as mãos trêmulas. Ele disse que queria ser o primeiro a contar. Que precisava disso. Quer devia isso a ela. Não tive como negar.
A luz da manhã entrava pela fresta da porta e da janela, dando um brilho especial para o cabelo deles dois. Vi quando ele se sentou no chão da sala, com aquele esforço disfarçado, e chamou nossa filha com a voz que eu conhecia tão bem, doce e firme, mesmo por trás da dor.
Ela foi até ele rindo, com um desenho torto nas mãos. Meu peito se fechou.
Eu encostei na parede, escondida da vista dos dois, mas vendo tudo. E ouvindo.
ㅡ Filha... posso te contar uma coisa importante?
A voz dele quebrou um pedaço do mundo. A cada palavra, meu coração sangrava em silêncio. Porque eu já sabia o que vinha, mas ela não. Ela ainda era só uma menina. Ainda dormia agarrada em pelúcia, ainda chorava quando seu leite ou biscoito caía no chão.
Como contar a ela que o seu herói não ia ficar ao seu lado para sempre?
Vi quando o seu