POV Saniya
Nunca pensei que amor pudesse nascer em meio à dor. Ou que, depois de tanta culpa, eu pudesse ser acolhida por uma família que não era minha.
Quando entrei na vida deles, eu era uma intrusa. A mulher que fugiu no passado, a sombra de um erro no presente. Mas não foi isso que encontrei.
Encontrei braços abertos, e olhos cansados, e uma menina que me olhou como se já me conhecesse de outras vidas.
Niyati.
Ela foi a primeira a me aceitar, sem perguntas, sem hesitar.
Me puxou pela mão, me mostrou os desenhos, a árvore do papai, e disse:
— Você pode brincar com a gente, se quiser, tia Saniya.
E ali, de joelhos na grama, com as mãos sujas de tinta e os olhos marejados, eu percebi que família não é sobre sangue. É sobre amor. Sobre escolha.
Kali, por mais ferida que estivesse, nunca me afastou. Eu a vi desmoronar em silêncio tantas vezes. Na madrugada, no banho, na forma como olhava para as coisas de Bennet como se ele ainda fosse voltar.
E mesmo assim, mesmo com tudo, ela nunca