Alejandro Albeniz
Nunca achei que pisaria num lugar como aquele. O cheiro era uma mistura de desinfetante e desespero, e o som constante de portas rangendo e passos pesados me deixava em alerta. O hospício tinha uma ala especial — um prédio anexo para pacientes que também eram presidiários. Foi nesse bloco que encontrei meu meio-irmão, Beto.
A verdade é que eu não sabia bem o que esperar. Desde criança, ele sempre teve um parafuso solto. Era inteligente, manipulador, com aquele olhar de quem sempre escondia alguma coisa. Mas Mercês, sua mãe, teve um talento especial em puxar esse lado sombrio dele. E agora, depois de tudo o que aconteceu, eu precisava saber: o que ele fez por conta própria… e o que fez sob o comando dela?
Talvez, sabendo que sua mãe agora era bilionária, e que ela o deixou num hospício, percebesse o tipo de pessoa que sua mãe era e abrisse o bico.
Um dos seguranças do lugar me conduziu por corredores cinzentos até uma sala de visitas, sem espelhos, mas com uma câmera