Capítulo 6: O dia ficou pior

“Eva”

Aquele homem era louco! Quem ele estava pensando que era para falar comigo daquele jeito? Só porque nós passamos uma noite juntos? Coitado dele! Mas ele não me trataria assim, não mesmo! Mas também, bem feito para mim, fui me meter com um estranho e deu no que deu.

Eu saí daquele prédio com tanta raiva que eu nem conseguia pensar, eu estava tão estressada! Mas é claro, se eu pensei que meu dia não poderia ficar pior eu estava completamente enganada, porque ele podia e ele ficou pior!

Eu ia atravessar a rua, olhei para os dois lados, tinha um carro estacionado e dentro dele alguém mexendo em algo no banco de trás, eu ia atravessar, passando na frente daquele carro, mas quando eu coloquei o pé na rua o carro se precipitou sobre mim e me derrubou. Eu ainda nem tinha me levantado, quando vi os sapatos pretos de camurça na minha frente.

- Você não olha por onde anda? – Eu ergui os olhos e vi uma mulher de pé em minha frente, falando alto e com cara de poucos amigos, certamente a motorista do carro que estava estacionado e foi jogado sobre mim.

- Eu não olho por onde ando? – Eu me levantei irritada. – Você estava estacionada, mexendo em sei lá o quê, virada para o banco de trás do seu carro, é você que não olha o que está fazendo! – Eu respondi enquanto analisava o estrago na minha roupa, minha meia desfiada, o joelho ralado e o salto quebrado.

- Ah, mas é o que me faltava! Você deveria ter se afastado do meu carro, mas não, deve ser uma dessas que ficam querendo provocar um acidente para arrancar dinheiro de gente como eu. – Ela respondeu com uma cara de desprezo que fez a minha raiva aumentar.

- Gente como você? Ah, me poupe! Se olha no espelho, minha filha! Quem você pensa que é? A rainha da Inglaterra? – Eu a encarei e ela estava com tanta raiva quanto eu, talvez até mais, mas ela estava errada, não eu.

- Escuta aqui, não banca a espertinha, você estragou o meu carro e vai pagar o prejuízo ou eu vou chamar a polícia! – A mulher gritou e eu dei uma risada alta.

- Ah, vai? Então chama, chama a Polícia que vamos terminar o dia nós duas na delegacia e eu quero só ver quem vai ter que pagar o prejuízo de quem! Olha pra mim, sua louca, você me atropelou! – Eu gritei de volta para ela.

- Ah, uma pena que ainda respira! – Ela me olhou com cinismo. – Você vai pagar o meu prejuízo sim! Olha ali, você arranhou o meu para-choque!

- Você está se fazendo de louca pra cima de mim, é?! Você me atropela, me deixa nesse estado e ainda tem a cara de pau de dizer que eu arranhei o seu para-choque? Mulher, para que está feio!

- Feio é você querer aplicar golpe em mim! Golpistaaaa! – Ela gritou.

- Deixaram a porta do hospício aberta! Só pode! – Eu passei a mão no rosto e vi as pessoas se aglomerando para assistir aquela confusão.

- O que está acontecendo aqui, senhoras? – Um dos seguranças do prédio de onde eu tinha acabado de sair se aproximou.

- Essa louca que me atropelou e quer que eu pague o prejuízo dela. Olha ali, moço, vê se esse para-choque está arranhado. Ela deveria ter me perguntado se eu estou bem, mas não, já saiu do carro nesse escândalo! – Eu falei com o segurança.

- Senhoras, vamos ser razoáveis. Como é o seu nome mesmo? – O segurança se virou para a mulher em minha frente.

- Carmem! – Ela respondeu cheia de impáfia.

- Muito bem, Sra. Carmem. E a senhora? – Ele se virou para mim.

- Eva! – Eu respondi sustentando o olhar de raiva da outra mulher.

- Pronto! Sra. Carmem, o seu para-choque não está arranhado e eu estava ali na porta e vi o que aconteceu, a senhora deixou o carro se mover e estava voltada para o banco de trás, acabou acertando a Sra. Eva que havia verificado o trânsito antes de iniciar a travessia. – O segurança falou e se virou para mim. – A senhora está bem, Sra. Eva?

- Estou, apesar desse estado lastimável! Parece que hoje não é mesmo o meu dia. – Eu sorri para ele e depois olhei para aquela mulher. – Olha aqui, só sai do meu caminho e eu não vou prestar queixa, porque eu poderia sim te processar, tenho até testemunha, mas eu vou respirar fundo, ser uma boa pessoa e apenas te mandar para o quinto dos infernos!

- Ora, sua...

- Sra. Carmem! É melhor a senhora se afastar e fazer de conta que nada aconteceu aqui! – O segurança falou com firmeza e a outra bufou.

- Quer saber, é melhor mesmo, porque eu não quero me misturar com essa gentinha! – A mulher me olhou com desprezo e deu as costas, eu queria voar naquele aplique loiro dela, mas o segurança me segurou.

- Calma, Sra. Eva, não vale a pena! – Ele me deu um sorriso gentil. – Eu a vi no prédio hoje, sinto muito que isso tenha acontecido. Vem comigo, a senhora se senta no hall e eu dou um jeito no seu sapato para que a senhora possa, pelo menos, chegar a algum lugar.

- Ai, moço, eu queria sumir daqui, olha quanta gente olhando. – Eu lamentei e ele sorriu gentilmente.

- Não liga pra isso, as pessoas adoram um tumulto, mas cinco minutos depois nem se lembram mais. Se apóie no meu braço, vamos. A senhora se senta lá dentro, se acalma, eu te arrumo um copo de água e resolvo o seu sapato. Vamos. – Ele insistiu tão gentilmente que eu não pude recusar.

- Está bem, eu vou aceitar. Obrigada, você é muito gentil! E obrigada por me livrar daquela megera louca. – Eu falei e ele riu.

- Ah, senhora, as coisas que eu vejo por aqui. – Ele brincou, caminhou comigo de volta para o interior do prédio e me colocou sentada numa poltrona confortável no hall de entrada. – Posso pegar o sapato, senhora?

- Ah, não precisa me chamar de senhora, é só Eva. Qual o seu nome? – Eu perguntei enquanto tirava o sapato e o entregava.

- Eu sou o Julio. Vou levar seus sapatos ali na salinha de segurança e já volto, prometo fazer o melhor. Vou pedir a uma das recepcionistas para lhe trazer uma água. – Ele sorriu e se afastou.

Não demorou para que uma das recepcionistas aparecesse bem sorridente com uma garrafinha de água e um copo e me servisse com toda a gentileza. Eu tinha acabado de beber a água e estava abaixada avaliando o meu joelho ralado quando um par de elegantes sapatos pretos muito bem engraxados se aproximou e se sentou na poltrona em minha frente. Eu disse que o meu dia tinha ficado pior? Não, ele tinha ficado muito pior!

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