Capítulo 04

Capítulo 04

Lindsay Delaney

Tempos atrás

Tess está com oito anos e Owen com dez, o tempo vai se passando e a amizade deles é linda de se ver. Mas em relação a Kat, o Owen continua sem se entender com ela, eles mal se falam e a cada dia a convivência entre os dois fica pior. Algumas vezes já tive que apartar brigas dos dois devido a Kat implicar com a Tess e o Owen não gostar, revidando as ofensas, defendendo a amiga.

Também, alguém precisa defender a menina. Eu nunca vi uma criança com tanta maldade e inveja no coração como a Katrina tem. Chega tenho medo e temo pela minha coelhinha.

Katrina é uma menina muito bonita, mas o que tem de beleza exterior tem de feiura interior. Ela é uma criança, eu sei. Mas as atitudes dela são incompreensíveis. Owen a chama de psicopata e estou começando a acreditar. Mesmo que meu filho não saiba o que é um psicopata, mas ele assiste e tem vaga noção do que se trata.

A Katrina é órfã de mãe. A mãe dela faleceu durante o parto. Ela teve a sorte de encontrar a senhora Vanda, que a ama como se fosse a própria mãe dela. Porém desde quando cheguei aqui, que fui vendo a cada ano que se passa, a senhora Vanda se distanciar da própria filha, chegando a só acreditar no que a Katrina fala. Não entendo isso, mas já percebi umas coisas, a Katrina sabe quais botões apertar, ela é a filha perfeita que a Senhora Vanda quer, já Tess, essa não nasceu para ser guiada, ela nasceu para voar, para ser livre e nunca aceita fazer o que não tem vontade.

****

Owen Delaney

Hoje é a mamãe que vai levar eu, Tess e a Katrina para o parque. Já escolhi meu brinquedo. Um carro e um avião. Amo meu avião e ele tem espaço para meu boneco e a bonequinha da Tess. Vamos brincar um montão.

— Mamãe já estou pronto.

— Estamos esperando só a menina Tessália e a Katrina, meu filho.

A Katrina não quer que chame ela de Kat. Ela disse que a Tess já sabe falar, então tem que chama-la pelo nome certo. Mas vejo que alguns amigos dela ainda a chama assim, ela gosta mesmo é de implicar.

Não demora e a Tess desce, feliz e saltitante como sempre.

— Estou pronta tia Lindsay. — Ela pula dois degraus da escada aterrissando bem na nossa frente e por pouco não se desequilibra e cai de bunda no chão.

— Ir! — Ela coloca a mão na boca dando uma risadinha sapeca quando ver mamãe com a mão no coração. — Vamos?

— Falta sua irmã, filha, e eu já falei para a senhorita descer essas escadas direito, vai acabar se machucando, mocinha.

— Vou nada tia. — Diz ela e coloca as mãos na cintura. — A Katrina sempre se atrasa até para ir ao parquinho. Vou subir e ver se ela ainda demora. Aff!

Tess, sobe e não demora ela desce, só que agora ela vem chorando. Estou com a mamãe na cozinha e o senhor West vem entrando.

— O que foi Tessália, qual o motivo do choro?

— A Katrina disse que não quer ir pro parque.

— Mas vocês combinaram ontem de ir. O que aconteceu para ela mudar de ideia?

— Ela quer estragar o nosso passeio.

— Chega Tessália. Estou cansado dessas suas acusações com sua irmã. — Fala o senhor West encarando a Tess.

— Tessália, eu fui agora ao quarto e sua irmã está mesmo doente, ela disse que está com a cabeça doendo, por isso não está com disposição para ir. Lindsay quero que você prepare um chá para Katrina. — Fala a Sra. Vanda que vem descendo as escadas.

— Está vendo, ela conseguiu. Agora não vamos mais sair.

— Chega Tessália! Quer brincar? Então vá brincar no jardim. A Lindsay precisa ficar aqui cuidando da sua irmã.

Saio da sala e vou para o jardim. Se a Katrina acha que vai estragar nosso dia ela se ferrou. Podemos muito bem fazer nosso piquenique aqui no jardim, e melhor, sem ela para nos irritar.

Vejo um canto legal onde podemos montar tudo e volto para a cozinha, pego a cesta com a comida que minha mãe tinha feito e chamo a Tess.

— Não chore coelhinha, vem, vamos fazer nosso piquenique.

— Como? A tia Lindsay não pode ir com a gente, ela tem que cuidar da Katrina.

— Vamos ficar aqui no jardim, vem, vai ser legal.

Pego a cesta e Tess pega os brinquedos e vamos para um espaço bem florido. Coloco a toalha no chão, e arrumamos a comida.

— Se ela pensou que ia estragar nosso piquenique se enganou. Vai passar o dia na cama tomando chá, enquanto a gente vai passar o dia brincando.

— Quando ela nos ver aqui, vai ficar com ódio. — Diz Tess e é verdade. Mas foi ela que quis assim.

— Problema dela. Quem manda ser tão má. — que se engasgue o próprio veneno.

Ainda bem que mamãe não sabe ler pensamento!

Ficamos brincando até que começa a dá fome e logo vamos merendar. Terminamos e voltamos para os brinquedos, até mamãe vir nos chamar para nós entrarmos.

— Se divertiram muito?

— Sim, mamãe. Foi muito legal.

— Mas agora está na hora de entrar, vamos.

Acompanhamos minha mãe para dentro de casa e colocando o resto da comida em cima da mesa da cozinha.

— Cada um para seu quarto tomar banho. Vamos.

Quando vamos subindo as escadas, a senhora Vanda vem descendo.

— Lindsay onde você estava? A Katrina foi se levantar e passou mal e você não estava com ela.

— Me desculpe senhora West, mas eu estava com Katrina até agora. Ela estava bem, disse que não queria mais remédio, que já estava bem. Eu aproveitei e fui chamar as outras crianças para entrar, pois já estava na hora.

— Está bem. Mas agora vá preparar um caldo para ela e vocês crianças para o banho. Quando você terminar Tessália, vá para o quarto da sua irmã, ela está sentindo sua falta.

— Mas mamãe...

— Sem mas, Tessália. Sua irmã está doente, você vai fazer companhia para ela.

Subo para meu quarto e Tess para o dela. Eu sei que a Katrina está inventando alguma coisa. Ela sentindo falta de Tess! É ruim hein! Só se ela estiver sentindo falta de alguém para jogar o seu veneno.

Depois de tomar banho e me trocar como a mamãe me ensinou, eu desço para o almoço. Não como na mesa com os West, prefiro ficar na cozinha. Me sento e mamãe me serve meu almoço. Como tudo sem desperdiçar nada, além da comida ser muito gostosa, não gosto de jogar nada fora.

Termino e volto para o quarto, escovo meus dentes e vou estudar um pouco. Já que a Tess vai ficar com a bruxa, eu vou estudar.

Faço algumas atividades, mas estou sentindo sono, acho que porque brinquei demais no jardim. Me deito e mão demora, logo adormeço. Estou em um sono tão bom, mas estou ouvindo gritaria e choro. É Tess! O que será que aconteceu?

Corro do quarto e encontro o senhor West batendo na Tess com o cinto. Eu sei que sou uma criança e ele um adulto, mas não posso ficar parado vendo ele fazer isso com ela. Não sei o porquê, mas uma coisa eu sei, a Katrina deve ter feito alguma coisa e a Tess, mais uma vez levou a culpa.

— Larga ela! — Grito me enfiando no meio e o cinto b**e em mim. Dói. Dói muito. Eu até me encolho, mas pelo menos não é na Tess que ele está b**endo.

— Saia ou você também vai apanhar, volte para o seu quarto moleque.

Me agarro com Tessália e a aperto bem muito, tirando ela das mãos dele, tentando envolver todo seu corpinho e protege-la com o meu. Eu queria tanto ser grande!

— Você pode me bater mais não vai bater nela. — Digo e vejo ele levantando o braço para descer o cinto mais uma vez em mim, só que dessa vez minha mãe chega gritando.

— Não se atreva! — Ele para com o braço pro alto e olha para mamãe e para a senhora Vanda que também chegou junto.

— Der um jeito nessa sua filha desengonçada Vanda. Ela acabou quebrando dois perfumes francês que Katrina mais gostava.

Tess não para de chorar e minha vontade é de ser grande e pegar esse cinto para mostrar para esse imundo o quanto isso dói. Mas um dia eu ainda vou me vingar. Um dia ainda farei ele sentir a dor de apanhar de cinto.

— Tess você fez isso? — pergunta a senhora Vanda. — Me responda Tessália você quebrou os perfumes da Katrina?

Me irrito com a senhora Vanda.

— Porque a senhora faz essas perguntas? Sempre que Tess diz qualquer coisa, vocês preferem acreditar na Katrina.

— Não estou perguntando a você Owen. E dá para largar a Tess!

— Não. Enquanto seu marido estiver aí com esse cinto na mão, eu não vou sair daqui.

— Moleque atrevido. — Fala o senhor West e pelo jeito está com muita raiva de mim.

— E desde quando um bastardo manda na casa? Papai, vai ser repreendido por um merdinha desse? — Pergunta Katrina querendo ver o pai continuar a bater na Tess.

— E você não estava doente sua bruxa falsa? — Falo, pois dessa vez estou com ódio dessa criatura e nem me importo com nada. Ela é uma bruxa e pronto.

— Mamãe! — diz Katrina correndo para a mãe de Tess, a abraçando e chorando se fazendo de coitadinha.

— Peça desculpas a Katrina agora, Owen. — Fala o Senhor West, mas ele vá sonhando.

— Não peço nada.

— Lindsay. Que tipo de educação está dando ao seu filho?

— Me desculpe senhor West, mas meu filho não está fazendo nada além de proteger sua amiguinha. Meu filho só tem 10 anos, mas ele é muito inteligente para ver as coisas nessa casa, e creio que vocês sabem do que estou falando, já que aqui não tem nenhum cego. Agora se o senhor me dá licença, vou cuidar da menina Tessália.

— Você tem que cuidar de mim. — Berra Katrina e olho para ver se tem alguma verruga nascendo nela. Ainda não tem, mas deve estar perto já de aparecer uma. Bruxa.

— Não senhorita Katrina. — Fala minha mãe toda calma. — Você não é a única pessoa no universo, e o mundo não gira ao seu redor. Nesse momento eu vou cuidar de quem precisa mais. E o senhor, senhor West, não se atreva a baixar esse cinto nessas crianças, por nenhum outro motivo, muito menos por motivos fúteis. Eu sou sua empregada, como sua filha costuma dizer, moro aqui de favor. Mas isso não quer dizer que vou ver o errado e ficar calada.

Essa é minha mãe!

— Papai...

— Calada Katrina. Já chega! Vá ficar com sua mãe. E Lindsay, faça essa chorona se calar. E na próxima vez que falar comigo nesse tom, será demitida.

****

Desde esse dia que as coisas não andam nada bem. Mamãe disse que ficaríamos aqui até não aguentar mais, tudo para não deixar a Tess sozinha, o que eu concordo. Não sei o que a aprendiz de bruxa faria se ficasse sozinha com a minha coelhinha.

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