Capítulo 5

     Acordo de manhã sentindo uma respiração quente no meu pescoço e me viro devagar para ver Vega deitado sobre o travesseiro com o rosto próximo ao meu, seus cabelos longos pareciam fios de ouro iluminados pelo sol que entrava pela janela e sua expressão era suave, ele parecia tranquilo como uma criança, nada de sarcasmo, ironia ou zombaria em sua face, apenas a tranquilidade que o sono dava a todos, por um momento me dei conta de que estava tempo demais observando ele de perto, então me recomponho, levanto e vou ao banheiro pronta para um banho.

    Assim que termino e paro olhando para o vestido já não mais tão utilizável, batidas ecoam na porta.

Vega- Tem um vestido novo para você na cama, vou resolver algumas coisas, quando estiver pronta me encontre no convés.

    Espero alguns momentos e então espio para ver se há alguém no quarto, não vendo ninguém eu me apresso para me trocar, o vestido é como o meu antigo, simples mas bonito, bom para se mover abertamente. Tendo arrumado meu cabelo eu saio e por um momento a claridade me cega, mas logo meus olhos se acostumam, os homens trabalham sem parar de um lado para o outro, passam por mim e acenam dizendo bom dia eu retribuo e vejo Vega conversando algo com um dos homens, ele me vê e vem até mim.

Vega- O vestido lhe caiu bem.

Nyele- Obrigada, o outro não estava tão bom.

Vega- Suspeitei, ele não foi feito para nadar, sabia disso ? -disse de modo brincalhão.

Nyele- Muito engraçado, mas eu não precisaria pular do barco se eu estivesse em casa.

Vega- Não sairemos dessa conversa nunca, então vamos aos assuntos do dia, primeiro vou te ensinar o básico sobre estar em um barco e depois tenho uma proposta para você.

Nyele- Que tipo de proposta ?

Vega- Não seja curiosa, venha, vou te ensinar umas coisinhas. -ele nos coloca no centro do navio e aponta para a esquerda- aqui é bombordo, na direita é estebordo, frente do barco é proa e a traseira é popa, então caso alguém fale sobre fazer algo em um desses lugares já sabe para onde ir, odiaria que zombassem de você por não saber, o navio tem alguns níveis, esse em que estamos, a cozinha baixo de nós e abaixo dela a dispensa de mantimentos, lá é bem escuro então não é necessário que vá lá, ninguém vai pedir para que faça isso, com o tempo vai conhecer a todos, são fiés a mim com toda a vida e não lhe farão mal.

Nyele- Por que isso tudo ?

Vega- Uma rainha não pode ser ignorante sobre seus domínios e nem sobre o que seus súditos fazem, então vou te instruir.

     Ele pisca para mim e sorri, não parecia tão ruim quanto quando o conheci, se mostrava atensioso e prestativo na verdade, aceitável. O dia passou nisso, eu recebendo instruções, realizando algumas coisas na prática e perto do final do dia paramos na ponta do navio vendo as águas tingidas com o laranja do pôr do sol e brilhando como âmbar, encostados na borda apoiados pelos cotovelos somente sentindo a brisa, aproveitando eu fecho os olhos e sinto como se algo dentro de mim mudasse.

Vega- Nunca saiu da baía certo ?

Nyele- Bom palpite, como sabe?

Vega- Eu reconheço alguém que experimenta da liberdade após um tempo, posso dizer que não saía de casa também.

Nyele- Dois palpites e os dois estão certos, meu sonho era ver o mar de perto, a janela era pequena demais para mim.

Vega- Eu entendo... -olhei em seus olhos que fitavam o horizonte e neles havia certa nostalgia- mas vamos ao último assunto, minha proposta.

Nyele- Diga.

Vega- Estamos indo para um lugar importante, talvez demore três ou quatro dias para isso, minha proposta é a seguinte, eu sei que não se afeiçoa a mim a ponto de se casar, então façamos assim, se não sentir absolutamente nada por mim até a primeira noite que chegarmos lá eu aceito que perdi, deixo que vá para casa e não apareço em sua vida, mas se nesse tempo eu fizer seu coração bambear e tomar qualquer lugar que seja dentro dele você concordará em se casar comigo, fechado ?

Nyele- Interessante, sabe que não é tanto tempo para você certo ?

Vega- Sim, mas não preciso de muito, eu confio no meu carisma e no meu charme pessoal. -ele sorri parte sedutor e parte brincalhão ilustrando o que diz.

Nyele- Pois bem, eu aceito, já posso sentir o cheiro de casa.

Vega- E eu já vejo você ao meu lado. 

    Apertamos as mãos e seguimos com o resto do dia até que caímos na cama para o sono profundo e merecido pelo dia de trabalho.   

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados