Voltar para casa após tudo o que aconteceu parecia impossível, como se cada passo que eu desse fosse uma tentativa de reconstruir os pedaços de mim mesma que haviam sido destruídos. Eu sabia que a casa que, por tanto tempo, me trouxe conforto agora representava uma lembrança amarga de tudo o que Miguel havia tirado de mim. Mas ali estava eu, de volta, com Marcio ao meu lado, segurando minha mão como se fosse a única coisa que o impusesse a continuar ali, firme.
A porta estava fechada, como se o tempo tivesse parado naquele exato momento em que Miguel e minha mãe haviam me deixado sem nada. Olhei para Marcio, que estava quieto, mas seus olhos diziam tudo. Ele sabia o quanto aquilo significava para mim. Ele sabia o peso que eu carregava.
— Você está pronta? — ele perguntou, a voz suave, mas com um tom de preocupação que não sabia disfarçar.
Respirei fundo e dei um passo à frente. Não tinha certeza de que estava pronta, de fato, mas sabia que precisava ser forte. Não só por mim, mas por