MIRELA
A ameaça do Rodrigo não saía da minha cabeça. Eu podia tentar disfarçar, podia fingir que tava tudo sob controle, mas a verdade era outra. Desde que li aquele bilhete, senti meu estômago embrulhar, minha cabeça girando, meu corpo inteiro em alerta.
Cheguei no apartamento do Lucas meio no automático. Minhas mãos tremiam, a boca seca, e mesmo assim eu tentei agir como se fosse só mais um fim de tarde comum. Mas nada mais era comum na minha vida.
A porta tava destrancada. Entrei devagar, sentindo o cheiro da colônia dele misturado com café fresco. O silêncio do lugar me dava um aperto no peito. Caminhei até o escritório, onde ele sempre passava horas trabalhando, e quando o vi, foi inevitável parar na porta e ficar observando.
Ele tava ali, lindo como sempre. Camisa social branca dobrada até os cotovelos, gravata frouxa, cabelo bagunçado daquele jeito natural que eu tanto gostava. Da cintura pra baixo, só de cueca boxer preta. E mesmo naquela bagunça toda, ele parecia um executiv